Eletrônicos transparentes surgiram por causa das prisões dos EUA?

A carcaça transparente em produtos tecnológicos era moda no mercado de eletrônicos de consumo na virada do milênio, mais especificamente entre os anos 1990 e os anos 2000. Após ter entrado em desuso, pequenas e médias empresas têm notado o desejo dos consumidores por equipamentos translúcidos e passaram a investir na ideia para torná-la febre novamente e diferenciar seus dispositivos da concorrência.

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Com o aumento da popularidade de produtos transparentes — como fones de ouvido, carregadores, mouses, teclados e até smartphones —, muitos questionam onde essa ideia se iniciou e por quais motivos.

Recentemente, a opinião de Danilo Reen sobre o visual transparente e colorido ter sido “o ápice do design dos eletrônicos” viralizou no X (antigo Twitter) e a conta “Ouriço de cartola” comentou que “tudo isso surgiu porque as prisões americanas não permitem aparelhos com carcaça opaca nas celas.” Mas será que foi isso mesmo?


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Onde começou a moda de eletrônicos transparentes?

Em matéria publicada pela Fast Company em 2023, a revista destaca que “o uso de plásticos transparentes na tecnologia teve início em um lugar improvável: os presídios.”

Durante as décadas de 1970 e 1980, o sistema prisional dos Estados Unidos começou a utilizar plástico transparente em televisões e rádios como forma de aumentar a segurança, uma vez que o acabamento impedia que detentos escondessem itens proibidos nos dispositivos.

Por conta disso, a grande maioria das peças de eletrônicos que entravam em prisões eram adaptadas com exterior transparente para facilitar a inspeção interna sem precisar desmontar todos os produtos.

Rádios AM e FM da Sony marcaram a época, como o SRF-39FP. Com as letras finais representando Federal Prison, ou “prisão federal” em inglês, o rádio se destacava pela excelente recepção mesmo em ambientes fechados.

Rádios AM/FM portáteis da Sony eram conhecidos pela alta qualidade; modelos translúcidos ainda podem ser encontrados à venda em lojas mais especializadas (Imagem: Reprodução/Retrospekt)

Eletrônicos transparentes ainda são obrigatórios em presídios dos Estados Unidos, e é possível encontrar produtos antes destinados a detentos em sites especializados ou em plataformas de compra e venda de produtos usados.

Muitos consideram estes dispositivos com alto valor pelo visual exclusivo e destino de uso muito pouco tradicional, sendo cobiçados não apenas por colecionadores como também por entusiastas.

Apple e Nintendo são as verdadeiras “culpadas”

Eventualmente a indústria começou entender que usuários buscavam visual diferenciado para seus equipamentos e que os consumidores estavam interessados em versões transparentes. Exemplos clássicos incluem consoles como o Nintendo 64 de 1996 e o Nintendo Gameboy Color de 1998, além do igualmente icônico iMac G3 — responsável por salvar a Apple da falência —, lançado no mesmo ano.

Pouco depois foi vista uma febre de vários outros tipos de produtos transparentes, com controles para o PS2, rádios FM “genéricos” com lanterna, minigames com “1001 jogos”, MP3 players e muito mais inundando as prateleiras, especialmente nos famosos “mercados populares”.

Após a drástica queda de popularidade dos eletrônicos com plástico translúcido entre meados dos anos 2000 até a década de 2010, temos visto um interesse crescente pelo retorno de equipamentos com este tipo de acabamento nos últimos anos.

Marcas chinesas como a Xiaomi e a Nubia também investiram em celulares com tampa traseira translúcida, como o Mi 9 de 2019 e o mais recente Red Magic 9 de 2023. De tempos em tempos a Microsoft apresenta versões transparentes de seu controle Xbox. Até a Apple entrou na onda ao apresentar o Beats Studio Buds Plus com acabamento diferenciado.

Mas uma fabricante se destaca entre as concorrentes ao abraçar a estética transparente: a Nothing.

Nothing tem chamado atenção dos consumidores por apostar em visual transparente para acessórios e smartphones (Imagem: Reprodução/Nothing)

Nothing aposta alto em produtos transparentes

Criada pelo ex-CEO da OnePlus Carl Pei, a Nothing tem como objetivo se diferenciar dos principais competidores ao oferecer dispositivos com grande apelo visual. E isso acontece majoritariamente pelo design translúcido de seus produtos e acessórios.

O Nothing Ear (1) foi o primeiro dispositivo da marca. Lançado em 2021, o fone de ouvido chamou atenção ao oferecer corpo transparente com trabalho preciso de engenharia interna encaixar as peças de forma cuidadosa e evitar que o produto fosse apenas transparente, sendo também visualmente bonito.

No ano seguinte a empresa anunciou seu primeiro celular, o Phone (1). Adotando os mesmos princípios, o aparelho manteve a identidade visual da marca com tampa traseira de vidro transparente e painéis alinhados e sobrepostos para alcançar o estilo da fabricante.

A estratégia da marca tem dado certo e, à medida que sua base de usuários aumenta a cada ano, a Nothing refina o design a cada novo lançamento, incluindo até cabo USB-C com conectores transparentes. O mais recente Nothing Phone (2a) estreou como um dos smartphones intermediários mais chamativos de 2024 graças ao seu visual.

iMac G3 se destacou pelo plástico transparente em diversas opções de cores (Imagem: Reprodução/Apple)

Ao longo das décadas, as tendências da moda vêm e vão. Isso diz respeito não apenas ao que vestimos, mas também ao que usamos no dia a dia.

Dessa forma, não é impossível pensar que uma nova onda de produtos eletrônicos transparentes chegue com força total nos próximos anos e permaneça até que a novidade deixe de ser novidade.

Com a crescente onda de produtos de consumo ganhando versões transparentes e translúcidas nos últimos anos, é possível considerar de que essa era pode já estar começando. E sim, tudo de certa forma começou com o objetivo de permitir acesso a entretenimento aos detentos nos Estados Unidos.

Leia a matéria no Canaltech.

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