“Copa do Mundo do setor”, diz CEO de empresa que levou PPP de escolas

São Paulo – O empresário Marcelo Castro, que venceu a leilão para a construção e gestão de 17 escolas estaduais em São Paulo com o Consórcio Novas Escolas Oeste SP, chamou o processo de “Copa do Mundo do setor”.

“Eu sempre digo que esta oportunidade, desta PPP de Escolas, é a Copa do Mundo do setor, governador. A Copa do Mundo do setor de um projeto extremamente relevante, que vai atuar na nossa educação, no desenvolvimento dos jovens do nosso estado de São Paulo”, afirmou o empresário, no palco da B3, no centro de São Paulo, nesta terça-feira (29/10).

Marcelo é presidente da Engeform que forma, junto com a Kinea, o Consórcio Novas Escolas Oeste SP. O grupo receberá R$ 3,38 bilhões do governo estadual para construir e gerir 17 escolas durante 25 anos.

O resultado do certame foi anunciado sob gritos de protesto da deputada estadual Professora Bebel (PT) e do presidente do Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo, Fábio de Moraes. Veja:

Do lado de fora da B3, professores também se manifestavam contra a PPP, com faixas e cartazes que criticavam a entrada da iniciativa privada na educação paulista. O deputado estadual Lucas Bove (PL), que apoia a concessão, chegou a protagonizar um bate-boca com alguns manifestantes ao entrar para acompanhar o leilão.

O parlamentar discutiu com a presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Camila Lisboa — que chegou perto do deputado e fez um vídeo para o Instagram, chamando Bove de “privatista” e “agressor”, citando as denúncias de violência doméstica contra a influenciadora Cíntia Chagas, ex-mulher dele.

“Já enfrentamos manifestante aqui na porta, meia dúzia de gato pingado, porque nós vamos privatizar o estado de São Paulo inteiro. Vamos privatizar escola, vamos privatizar o Metrô para ‘pelegada’ perder emprego. Vamos privatizar a Fundação Casa, vamos privatizar tudo no estado de São Paulo. Absolutamente tudo”, afirmou.

Cemitérios

Como mostrou o Metrópoles, esta não é a primeira concessão arrematada pela Engerform em São Paulo. A empresa é uma das sócias da Consolare, que está à frente de sete cemitérios da capital e é alvo de uma série de reclamações, como o aumento da cobrança de serviços, falta de zeladoria e má administração dos espaços.

Os problemas na concessão dos cemitérios viraram munição, inclusive, durante a campanha eleitoral pela Prefeitura de São Paulo, com candidatos cobrando o prefeito Ricardo Nunes (MDB) pela falta de fiscalização das empresas.

A Engeform também conquistou dois lotes da PPP da Habitação, por meio da “Teen Imobiliário”, em 2018.

Nesta terça-feira (29/10), o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse que os consórcios vencedores da PPP Novas Escolas terão seus serviços fiscalizados. Segundo a Secretaria de Parcerias em Investimentos, os contratos preveem punições caso as empresas não atendam aos critérios estabelecidos, como redução do valor pago por mês, multa e até caducidade.

PPP Novas Escolas

A PPP Novas Escolas prevê que 33 unidades de ensino estaduais sejam construídas e geridas administrativamente pela iniciativa privada. As empresas vencedoras do edital ficarão responsáveis por serviços como manutenção, limpeza, vigilância, portaria e jardinagem das escolas. A alimentação disponibilizada aos alunos também ficará a cargo das empresas vencedoras da concorrência.

As unidades construídas terão que ter estrutura tecnológica e acessível para os alunos. O edital ainda prevê que a fiscalização da execução das obras será feito por meio da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp) com auxílio de um “verificador independente”.

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