Câmara: cota pagou viagens de ida e volta em Uber a casa de striptease

O gabinete do deputado Filipe Barros (PL-PR) utilizou dinheiro público para pagar por viagens de Uber em visita de funcionário a uma casa de diversão adulta de Londrina (PR). O local, entre outras atrações, oferece apresentações de striptease aos clientes. As corridas, realizadas durante a madrugada, foram reembolsadas pela Câmara dos Deputados com recursos da cota parlamentar.

Documentos obtidos pelo Metrópoles indicam que o gasto teria sido realizado por um funcionário lotado no gabinete do deputado enquanto o parlamentar estava em missão oficial fora do país. No período, Filipe Barros estava em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, para participar de fórum relacionado ao bloco dos Brics.

A viagem de ida à casa noturna ocorreu nos minutos iniciais da madrugada de 6 de março deste ano. A corrrida partiu do mesmo hotel em que Bruno Cardoso Araújo, chefe de gabinete de Barros, estava hospedado na data. O destino foi a Rua Recife, onde funciona o Manhattan Bar, um clube de entretenimento adulto de Londrina.

Já a corrida de volta durou nove minutos, percorreu 3,7 km e também ocorreu na madrugada de 6 de março. A partida, às 4h46, se deu no nº 70 da Rua Recife, endereço que coincide exatamente com o da casa de striptease. O destino final foi o mesmo hotel em que o funcionário de Filipe Barros estava hospedado.

Dias antes, em postagem nas redes sociais, o Manhattan Bar divulgou um banner que convidava os clientes para “shows inesquecíveis com lindas modelos” na virada entre 5 e 6 de março. A frase acompanhava a foto de uma mulher, em uma pose sensual, vestindo uma lingerie (veja abaixo).

A divulgação não destoa do restante das postagens do perfil da casa noturna, que enfatizam os corpos de mulheres seminuas e a venda de bebidas alcoólicas. As redes sociais do estabelecimento ainda apresentam o cenário interno do local, com passarelas e pole dances onde as modelos se exibem durante a noite aos frequentadores.

Mais do que receber shows, o local é conhecido por ser frequentado por garotas de programa em busca de clientes.

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O estabelecimento fica no  nº 70 da Rua Recife

O Manhattan Bar é conhecido como um "clube de entretenimento adulto"
O bar, pelas redes sociais, convida clientes com fotos de mulheres seminuas
Bar conta com passarelas e pole dances onde as modelos se exibem para os clientes
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Postagens nas redes sociais prometem “shows inesquecíveis com lindas modelos”

Reprodução / redes sociais

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O estabelecimento fica no nº 70 da Rua Recife

Arte / Metrópoles

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O Manhattan Bar é conhecido como um “clube de entretenimento adulto”

Reprodução / redes sociais

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O bar, pelas redes sociais, convida clientes com fotos de mulheres seminuas

Reprodução / redes sociais

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Bar conta com passarelas e pole dances onde as modelos se exibem para os clientes

Reprodução / redes sociais

Após questionamento do Metrópoles, Bruno Cardoso Araújo informou ter se demitido e disse estar tomando providências para se desligar do gabinete “nas próximas horas”. “Assim que soube do fato — isso por meio do contato feito pela reportagem do Metrópoles —, o deputado determinou de imediato que eu restitua o valor – o que já providenciei”, disse Bruno em nota.

“Na referida ocasião, estive em Londrina a trabalho. Porém, fora do horário de expediente, utilizei o aplicativo de transporte em questão e, por ato falho, acabei solicitando o reembolso – motivo pelo qual expresso minhas escusas”, afirmou em nota.

Filipe Barros é líder da oposição na Câmara dos Deputados e está no segundo mandato de deputado federal. Na Casa Baixa, ele tem posição marcada pela defesa do conservadorismo e é um dos nomes mais destacados da direita no Legislativo.

Reembolso via cota parlamentar

As viagem de Uber custaram cerca de R$ 30. Ainda assim, o regimento interno da Câmara define que os gastos reembolsados devem ser exclusivamente vinculados ao exercício da atividade parlamentar, já que a cota consiste em uma verba indenizatória para os deputados custearem despesas típicas do mandato.

A reportagem questionou a Câmara dos Deputados sobre o gasto, mas até o momento não houve retorno. O espaço segue aberto para eventuais manifestações.

Criada em 2009, a cota para o exercício da atividade parlamentar pode ser usada com as seguintes despesas:

  • Aluguel de escritório de apoio ao mandato no estado;
  • Assinatura de publicação;
  • Telefonia e serviços postais;
  • Passagens aéreas, terrestres, marítimas ou fluviais;
  • Combustíveis e lubrificantes;
  • Hospedagem (exceto parlamentar do DF);
  • Locação ou fretamento de aeronaves, automóveis ou embarcações, serviços de táxi, pedágio ou estacionamento;
  • Segurança prestada por empresa especializada;
  • Serviços de consultoria e trabalhos técnicos;
  • Divulgação de atividade parlamentar (exceto nos 120 anteriores à eleição);
  • Participação em cursos e palestras;
  • Complementação do auxílio-moradia.

O valor da cota leva em consideração o preço de passagens aéreas entre Brasília e a capital do estado pelo qual o deputado foi eleito. Deputados do Distrito Federal, por exemplo, contam com R$ 36,5 mil, enquanto os do Acre – que precisam gastar mais com os deslocamentos até a capital federal – têm R$ 50,4 mil à disposição todo mês.

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