“Difícil falar de perdão”, diz Anielle Franco sobre Ronnie Lessa

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle Franco, afirmou que não cabe a ela ou aos familiares perdoar o assassino confesso da vereadora, Ronnie Lessa. Durante o depoimento dele ao Tribunal do Júri, no Rio de Janeiro, o responsável pelos tiros que mataram a então vereadora e o motorista Anderson Gomes pediu desculpas pelas mortes.

“Eu sou uma mulher, assim como Luyara e a minha mãe, que fomos ensinadas a sermos cristãs. Acho que não sou eu que tenho de perdoá-lo. Ele tem de ser perdoado por qualquer religião que ele tenha, mas é difícil falar de perdão e de sentimento quando a gente não tem a Mari aqui”, disse a ministra ao chegar no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), na manhã desta quinta-feira (31/10), para acompanhar o segundo dia de julgamento do caso.

“Um dia em que a gente reviveu tudo e falamos isso quando saímos daqui. Cada vídeo, cada áudio, tudo marca a gente”, completou Anielle.

A ministra chegou ao local acompanhada da sobrinha e da mãe, Marinete Silva, que prestou depoimento nessa quarta-feira (30/10).

Família abalada

De acordo com Anielle, após o primeiro dia de depoimentos, quando foram ouvidas a jornalista Fernanda Chaves, assessora de Marielle e sobrevivente do atentado; a mãe da vereadora; a viúva Mônica Benício; Ágatha Arnaus, viúva de Anderson; e o executor das vítimas, Ronnise Lessa, a família ficou abalada.

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Viúva de Marielle Franco, Mônica Benício depõe em Tribunal do Júri, no RJ

Marinete Silva, mãe de Marielle, no julgamento dos assassinos
Em julgamento, ex-assessora de Marielle diz que "queria acreditar que ela estava viva"
Família de Marielle fala em frente ao Tribunal
brazão Marielle Franco: vereadora foi assassinada em 2018
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Réus Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, assassinos confessos de Marielle Franco

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Viúva de Marielle Franco, Mônica Benício depõe em Tribunal do Júri, no RJ

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Marinete Silva, mãe de Marielle, no julgamento dos assassinos

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Em julgamento, ex-assessora de Marielle diz que “queria acreditar que ela estava viva”

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Família de Marielle fala em frente ao Tribunal

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brazão Marielle Franco: vereadora foi assassinada em 2018

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Luyara Franco, filha de Marielle, deixou a audiência assim que Ronnie começou o depoimento. Ela chegou a passar mal e voltou posteriormente, após 1h. Muitos parentes e amigos preferiram ficar no corredor do 9º andar do Tribunal de Justiça, no Centro do Rio. A ministra Anielle passou boa parte do tempo caminhando pelo corredor.

Durante o depoimento de Lessa, ele afirmou que Marielle se tornou uma “pedra no caminho” dos mandantes do assassinato. Ele deu detalhes sobre como o crime foi cometido, como o momento do emparelhamento do carro dirigido por Élcio de Queiroz no momento em que ele fez os disparos.

Posteriormente, Ronnie pediu desculpas à família das vítimas: “Eu gostaria de aproveitar a oportunidade e com absoluta sinceridade e arrependimento pedir perdão as famílias do Anderson, da Marielle e a minha própria, a dona Fernanda e a toda sociedade pelos fatídicos atos que nos trazem aqui”.

Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, que também confessou participação no assassinato, podem ser condenados a até 84 anos de prisão.

“Como eu disse anteriormente, eu fiquei cego mesmo, louco atras desse (…) a minha parte era R$ 25 milhões. Então eu podia falar assim: ‘É o Papa’ e eu ia matar o Papa porque eu fiquei louco atras daquilo ali”, disse Ronnie.

Mandantes

Os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão são acusados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de serem os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco, que, consequentemete, resultaram no homicídio de Anderson Gomes. Eles negam envolvimento. O caso dos mandantes corre em separado no Supremo Tribunal Federal (STF).

O objetivo dos irmãos Brazão era para impedir que a vereadora continuasse prejudicando os interesses dos dois, desde nomeações para o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) até a regularização de loteamentos irregulares em áreas dominadas por milícias na zona oeste do Rio de Janeiro.

No processo, além dos irmãos, foram denunciadas mais três pessoas: dois policiais que atuavam para a dupla e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa.

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