MP quer punição máxima para assassinos confessos de Marielle Franco

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) quer punição dura para os assassinos confessos de Marielle Franco e Anderson Gomes. Durante o segundo dia de julgamento de Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, os promotores falaram aos jurados que ambos são sociopatas, parceiros no crime e foram enfáticos no desejo de que o crime não fique impune.

Durante as 2h30 de fala destinada ao MP, o promotor Eduardo Martins expôs aos jurados a proposição com argumentos de que os jurados condenem a dupla em todos as acusações. Os executores do crime foram denunciados pelo MPRJ por duplo homicídio triplamente qualificado, um homicídio tentado e pela receptação do Cobalt, carro usado no dia do crime, ocorrido em 14 de março de 2018.

A expectativa é, ainda, que o MP peça ao Conselho de Sentença do IV Tribunal do Júri 84 anos de prisão para Lessa e Queiroz.

O júri do caso teve início nessa quarta-feira (30/10), às 9h. Nesta quinta-feira, o julgamento seguiu com testemunhas, advogados de defesa e acusação e com a fala do Ministério Público.

Ronnie e Élcio foram presos na Operação Lume, deflagrada pelo MPRJ e pela Polícia Civil, em março de 2019. Eles são assassinos confessos de Marielle e fecharam acordo de delação premiada.

“Sociopatas”

O outro promotor do MPRJ, Fábio Vieira, classificou os executores confessos de Marielle como “sociopatas”. “Confessaram porque estão arrependidos? Não. Confessaram porque vão ganhar um benefício de alguma forma. Então, isso é uma característica do sociopata, eles não têm emoção em relação ao outro, eles não têm sentimento, não têm empatia”, destacou.

“Eles sabem o que é certo e o que é errado, mas eles não ligam para isso. Eles só ligam para as consequências, para o medo de serem punidos caso sejam pegos, como aconteceu. Para eles, não importa a vida. ‘Eu fui contratado para matar a Marielle, mas não me importa, porque eu vou receber dinheiro’”, afirmou Fábio.

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Marinete Silva, mãe de Marielle, no julgamento dos assassinos

Em julgamento, ex-assessora de Marielle diz que "queria acreditar que ela estava viva"
Família de Marielle fala em frente ao Tribunal
brazão Marielle Franco: vereadora foi assassinada em 2018
Réus Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, assassinos confessos de Marielle Franco
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Viúva de Marielle Franco, Mônica Benício depõe em Tribunal do Júri, no RJ

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Marinete Silva, mãe de Marielle, no julgamento dos assassinos

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Em julgamento, ex-assessora de Marielle diz que “queria acreditar que ela estava viva”

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Família de Marielle fala em frente ao Tribunal

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brazão Marielle Franco: vereadora foi assassinada em 2018

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Réus Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, assassinos confessos de Marielle Franco

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Marinete da Silva, mãe de Marielle Franco no Tribunal do Júri, no RJ

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Repercussão mundial

A primeira a falar nesta quinta foi a promotora Audrey Castro. “Esse fatos [do caso Marielle] não repercutem só no município do Rio de Janeiro, mas têm repercussão mundial. Tem uma coisa nesse processo, que o trouxe ao IV Tribunal de Justiça, e que o faz comum a muitos processos. Nele, foram praticados crimes dolosos contra vida”, ressaltou.

“Eu vi que muitos dos meus colegas desistiram de entrar na vara por conta do processo da Marielle. Eu vim e digo para os senhores, é inegável a repercussão desses fatos. Esse fatos não repercutem só no município do Rio de Janeiro, mas têm repercussão mundial.  Tem uma coisas nesse processo, que o trouxe ao IV Tribunal de Justiça, e que o faz comum a muitos processos. Nele foram praticados crimes dolosos contra vida”, disse a promotora.

O promotor de Justiça Eduardo Martins argumentou que os réus tentaram constantemente distorcer os fatos, mas que as provas materiais deram embasamento suficiente ao caso.

“É importante dizer o seguinte: tudo o que eles falaram objetivamente, porque na parte subjetiva eles tentaram o tempo todo amenizar: ‘Ah, eu só queria matar a Marielle, e não o Anderson’, ‘ah, eu não queria matar ninguém’. Mas entrou no carro, mas matou. Só que os dados objetivos foram todos corroborados, a volta que o táxi deu, nós conseguimos demonstrar esse carro indo para Rocha Miranda para ser picotado”, detalhou o promotor.

Uma das assistentes de acusação do caso Marielle Franco disse que a representatividade da vereadora como mulher preta e LGBT em um local de poder incomodava e, por isso, ela foi assassinada. Ela relembrou que, momentos antes de ser morta, a vereadora participava de um evento na Casa das Pretas, na Lapa, Rio de Janeiro, falando sobre a importância de mulheres negras assumirem cargos de poder.

“Marielle, nesse evento [realizado na Casa das Pretas], já se aproximando do fim, dizia assim: ‘Por 10 anos foi Benedita, por 10 anos foi Jurema, não dá para achar que vou ficar sozinha por mais 10 anos. Nós não temos 10 anos’. Marielle não teve nem 40 minutos, 40 minutos depois ela estava sendo executada com quatro tiros na cabeça. Essa é a urgência que Marielle vivia. Por isso, ela incomodou tanto, ela mexeu com as estruturas.”

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