Ministro chama saque-aniversário de “encalacrada” do governo anterior

O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, voltou a criticar, nesta quinta-feira (31/10), o modelo de saque-aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Segundo ele, o saque-aniversário é uma “encalacrada” criada pelo governo anterior.

Marinho fez a declaração durante reunião do Conselho Curador do FGTS, presidido por ele. O órgão comemora 35 anos de existência.

O saque-aniversário permite ao trabalhador retirar parte do saldo da conta do FGTS anualmente, no mês de aniversário. O trabalhador pode optar pela antecipação de até cinco períodos, na forma de empréstimo. O crédito é rápido e fácil, sem burocracia, e exige apenas que o cadastro esteja atualizado.

Cada instituição financeira oferece uma condição diferenciada, e o trabalhador pode fazer consultas sem custos. Mesmo pessoas que estão negativadas conseguem acessar esse crédito.

“Evidente que temos muitos desafios, um deles é o debate sobre o saque-aniversário, como sair dessa encalacrada que o governo anterior nos colocou. Tem toda uma pressão grande, em especial do sistema financeiro, que deseja a manutenção do formato do saque-aniversário. Mas como o sistema financeiro é insaciável, eles desejam também que se aprove o consignado na folha de pagamento”, afirmou.

Em seguida, ele afirmou que é preciso “preservar o fundo de garantia saudável” e fez referência aos trabalhadores demitidos que não podem sacar os recursos. Ao optar pela modalidade do saque-aniversário (independente de ter feito ou não a antecipação do saldo), em caso de demissão, o trabalhador só poderá sacar o valor referente à multa rescisória — ou seja, não é permitido retirar o valor integral da conta. A adesão ao saque-aniversário é opcional.

Na visão de Marinho, o saque fragiliza o financiamento do sistema habitacional, em especial o Minha Casa, Minha Vida (MCMV), e diminui as metas que o conselho contrata a cada ano.

“Batalharei para a preservação plena da saúde do fundo. Em relação ao saque-aniversário, sou pelo fim dele”, frisou.

Decisão passa pelo Congresso

Um eventual fim da modalidade precisa passar pelo Congresso Nacional, que apresenta resistência ao término do saque-aniversário. Caso seja mantido, Marinho sinalizou que o conselho terá que tomar “medidas duras” em relação a isso.

“Trabalho sempre na lógica do boi ou da boiada. A gente evita confusão a todo custo, mas se precisar vamos fazer confusão. Se não existirem alternativas, vamos ter que dar decisões mais duras”, prosseguiu.

Ele disse ainda que não é desejo do governo dificultar o acesso a crédito barato pelos trabalhadores, mas disse que esse acesso via FGTS cria uma distorção. A pasta defende a substituição do saque-aniversário pelo sistema do consignado, enquanto instituições financeiras e de pagamentos defendem que ele coexista com o empréstimo consignado. “Não vejo por que alguém seria contra isso, a não ser a ganância. Superendividamento não é bom para o país, para os trabalhadores nem para o sistema financeiro”, disse Marinho.

O ministro ainda afirmou que o colega Rui Costa, da Casa Civil, prometeu encaminhar agenda com presidente Lula na próxima semana para enviar o projeto para o Congresso. Marinho reforçou que fará um trabalho de convencimento do Congresso Nacional sobre essas atualizações.

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