“Sou do PCC”: mulher ameaça carcereiro ao ser pega com carta do marido

São Paulo — O Ministério Público do estado (MPSP) pediu a prisão preventiva de uma mulher que ameaçou agentes penitenciários dizendo ser integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC) enquanto visitava o marido preso no Centro de Detenção Provisória de Cerqueira César, no interior.

Ao deixar o presídio, Elke Daiane da Silva, de 36 anos, aguardava a devolução de seus documentos e teria demonstrado nervosismo. Questionada, ela teria retirado da calça uma carta escrita à mão pelo marido. No papel, havia desenhos com os números 121 e 157, que no código penal representam homicídio e roubo, além de 1533, símbolo do PCC.

A mulher teria então começado a ofender os agentes penitenciários, dizendo que “todos eram lixos”, que “isso não ia ficar assim” e que ela era “do PCC mesmo”.

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Carta apreendida no CDP de Cerqueira César

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O episódio ocorreu em junho de 2022. Na época, um inquérito foi instaurado na Delegacia de Polícia de Cerqueira César. Elke Daiane, no entanto, não foi localizada pela polícia e não compareceu para prestar depoimento.

Em agosto do ano passado, a 1ª Promotoria de Justiça de Cerqueira César denunciou a mulher por ameaça.

Ao pedir a prisão da mulher, em junho deste ano, os promotores afirmam que o fato de ela estar em paradeiro desconhecido “inviabiliza a aplicação penal”, além de “criar transtornos para a instrução criminal”, com a possibilidade de “voltar a delinquir”.

Carta

O manuscrito feito pelo marido de Elke Daiane, de três páginas, continha uma carta para a companheira e uma para os irmãos. “Vivo somos traído. Presos somos esquecido. Mortos deixamos saudades”, diz um trecho da carta.

“Olá, meu amor, boa tarde, vida. Eu estou na maior revolta. Eu fui ‘ratiado’. Me roubaro treis maços de cigarros, treis sabonetes, um desodorante. Vida, maior tiração esta ruimdade. Tou louco para ir de bonde desta merda de cadeia”, afirma o marido de Elke à companheira.

Aos irmão, ele agradece por uma encomenda entregue na cadeia.

“Boa tarde, meu sangue. Venho por meio destas poucas palavras para poder agradecer por vocês ter me mandado o Sedex. Irmão, chegou todas as coisas que você mando nas mãos do meu pessoal. Eu agradeço do fundo do meu coração, que Deus te proteja sempre nesta louca vida”.

Na denúncia, o MPSP não faz menção às informações redigidas na carta, nem aos desenhos com o número que faz alusão ao PCC. Os promotores se limitaram ao que foi dito pela mulher aos agentes penitenciários.

A reportagem não conseguiu contato com a defesa da mulher. O espaço segue aberto para esclarecimentos.

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