Superpoderes dos tardígrados: ciência descobre como são resistentes à radiação

Os tardígrados, também conhecidos como ursos d’água, são seres microscópicos, mas extremamente resistentes. Tanto é que sobrevivem a elevados níveis de radiação. Agora, um novo estudo descobriu a origem deste superpoder contra a radioatividade. O segredo está escondido em três mecanismos genéticos diferentes.

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A pesquisa sobre a capacidade única do tardígrado em sobreviver à radiação foi liderada por uma equipe de cientistas chineses, incluindo membros da Academia Chinesa de Ciências. Os resultados foram publicados na revista Science

Até o momento, já foram descobertas 1,5 mil espécies de tardígrados na natureza. Deste total, o grupo de pesquisadores se concentrou na análise minuciosa de uma única espécie, a Hypsibius henanensis


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O que dá superpoderes aos tardígrados?

“Estudos realizados com diferentes espécies de tardígrados documentaram que eles são os animais mais tolerantes à radiação na Terra”, adiantam os autores, no artigo. De modo geral, eles demonstram resistência à radiação gama de até 3.000 a 5.000 grays. Isso é mil vezes maior do que a dose letal para humanos.

Os tardígrados conseguem sobreviver a níveis mortais de radiação por causa de três mecanismos genéticos, responsáveis pelo superpoder (Imagem: kjpargeter/Freepik)

Em busca de respostas para justificar o superpoder muito útil em caso de uma guerra nuclear, os pesquisadores sequenciaram o genoma da espécie H. henanensis e descobriram 14,7 mil genes codificadores de proteínas.  

Aqui, foi impressionante perceber que 4,4 mil (cerca de 30%) eram exclusivos dos tardígrados. A próxima etapa do estudo foi compreender como esses genes reagem a elevadas doses de radiação, o que permitiu a descoberta de três mecanismos centrais. 

Três características que protegem da radiação

Quando a radiação é detectada pelo organismo do tardígrado, a atividade de determinados genes é intensificada. Entre eles, destacam-se três principais reações:

  1. Gene TRID1: o gene acelera o processo de reparação do DNA, dificultando que radiação cause danos realmente nocivos ao material genético;
  2. Gene DODA1: quando ativado, o gene induz a produção de pigmentos conhecidos como betalaínas. Estas ajudam a neutralizar as moléculas nocivas geradas pela radiação no organismo;
  3. Genes BCS1 e NDUFB8: ambos os genes estão ligados a uma maior produção de energia, a partir da respiração celular, o que torna viável as estratégias acionadas de reparo contra a radioatividade. 

A combinação desses três processos, em resposta à radiação, torna possível a sobrevivência dos tardígrados em um ambiente que seria totalmente mortal para o ser humano e para a maioria das espécies. É mais um superpoder do grupo. 

Insights valiosos para humanos

“A resistência ambiental extrema de organismos extremófilos, como os tardígrados, é um tesouro [repleto] de mecanismos moleculares inexplorados de resistência ao estresse”, destacam os autores. Inclusive, desvendar esses processos pode resultar em insights valiosos para os humanos

Por exemplo, a pesquisa sobre a radiação pode resultar em novas estratégias de proteção para humanos em situações de risco, como em longas viagens espaciais e em cenários de guerra com armas nucleares. Também pode tornar alguns exames que envolvem radiação ainda mais seguros.

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