CNI diz que Banco Central “não deve insistir” em aumento da Selic

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou nesta terça-feira (5/11) um posicionamento no qual diz que o Banco Central (BC) “não deve insistir” no aumento da taxa básica de juros, a Selic. O documento foi emitido no primeiro dia de reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, que se reúne a cada 45 dias para decidir o patamar da taxa.

Atualmente em 10,75% ao ano (a.a.), a taxa deverá subir 0,50 ponto percentual (p.p.), voltando ao patamar de janeiro, de 11,25% ao ano – época em que o Copom seguia fazendo cortes. Em 2024, a redução dos juros só foi interrompida em 19 de junho, quando se manteve estável em 10,50% ao ano.

De acordo com a CNI, os dados econômicos recentes, tanto domésticos quanto internacionais, indicam que o Copom cometerá um equívoco caso opte pela elevação dos juros básicos.

“Tal medida configuraria, novamente, excesso de conservadorismo do Banco Central, trazendo consequências negativas e desnecessárias para a atividade econômica”, diz a entidade presidida por Ricardo Alban (foto em destaque).

Meta fiscal e corte de gastos

A confederação também destaca que o ritmo menor de crescimento das despesas, somado ao aumento da arrecadação federal, tem mostrado que o governo deverá cumprir a meta de resultado primário, de déficit zero.

O cumprimento da meta deverá se dar dentro da banda (intervalo de tolerância), no limite inferior, equivalente ao déficit de R$ 28 bilhões. Por essa razão, a CNI entende que há certo exagero na preocupação com o quadro fiscal.

A entidade ainda pontua que há um esforço do governo federal para diminuir os gastos em 2025, com expectativa de anúncio de medidas em breve.

“A CNI argumenta que elevar a taxa de juros é jogar contra o esforço fiscal, uma vez que aumenta o custo da dívida pública, já que cada ponto percentual a mais na Selic representa cerca de R$ 40 bilhões por ano em despesas com juros da dívida”, prossegue.

Inflação

A Selic é o principal instrumento de política monetária para controle da inflação. A CNI vê as acelerações do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, dos últimos meses, ligadas aos preços de energia elétrica e alimentos, que, por sua vez, respondem a fatores conjunturais – e não estruturais –, com destaque para as secas extremas.

Na visão da entidade, esses resultados não asseguram mudança significativa na tendência da inflação e, por isso, não devem balizar a decisão do Copom.

No caso da energia elétrica, a bandeira tarifária vermelha praticada em setembro e outubro foi alterada para amarela em novembro, o que deve reverter a influência sobre a inflação em setembro (quando a energia representou 48% da alta do IPCA) e em outubro (quando a energia elétrica representou 39% da alta do IPCA-15).

Por fim, a entidade de industriais coloca que um eventual aumento da Selic posicionará o Brasil na contramão da tendência global de afrouxamento das taxas de juros. Entre os países membros do G20, grupo das principais economias do mundo, apenas a Rússia tem subido juros.

“A CNI destaca que, além de elevada em comparação com outros países, a Selic atual é excessiva para as condições inflacionárias internas”, finaliza.

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