Nos EUA, há um grande esforço para salvar da extinção a espécie de doninhas Mustela nigripes, conhecida como furão-do-pé-preto ou doninha-de-patas-pretas. Como parte dessa iniciativa, biólogos comemoram o nascimento dos primeiros filhotes de uma fêmea clonada, com DNA bastante diferente da comunidade de sobreviventes. É a primeira vez que isso acontece no mundo.
- Clique e siga o Canaltech no WhatsApp
- Chineses criam primeiro clone de lobo-do-ártico do mundo
- Por que não existem clones humanos?
Desde 2020, os pesquisadores do Smithsonian National Zoo and Conservation Biology Institute (NZCBI) e de outras entidades de preservação clonam fêmeas da espécie de doninhas em laboratório. Assim, nasceram Elizabeth Ann, Noreen e Antonia. Esta última é a mamãe de primeira viagem.
“A reprodução bem-sucedida e o nascimento dos filhotes de Antonia são um marco importante na conservação de espécies ameaçadas de extinção“, destaca Paul Marinari, um dos cientistas envolvidos no processo, em nota.
–
Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.
–
Linhagem de clones de doninhas
Para entender a origem das três fêmeas de doninha-de-patas-pretas (ou furão-do-pé-preto) clonadas, é preciso voltar no tempo até o ano de 1988. Afinal, todas foram criadas a partir de Willa, que morreu há mais de 30 anos, mas teve seus tecidos preservados e suas células foram congeladas. Isso permitiu a clonagem (algo já foi feito com outras espécies). Em vida, ela não teve descendentes.

Tirando as três que foram clonadas e os dois filhotes recém-nascidos de Antonia, todos os descendentes vivos das doninhas-de-patas-pretas estão ligados a apenas sete indivíduos, algo muito perigoso em termos de genética. Quanto mais próximo, maior o risco de doenças ou síndromes.
Melhorando a diversidade genética
A boa notícia para a preservação da espécie é que essa linhagem de clones contém três vezes mais variações genéticas únicas do que a média moderna para esses animais. Então, a iniciativa espera introduzir novos genes e ampliar a diversidade genética entre os sobreviventes com este experimento.
Segundo os biológicos responsáveis, isso deve reduzir o risco de problemas de saúde relacionados com a endogamia (consanguinidade). É algo comum quando se observa o cruzamento em cães de “raça” que são de uma mesma família, por exemplo.
No entanto, o nascimento de novas doninhas não garante a recuperação total da espécie. É preciso monitorar possíveis doenças, como a cinomose, e garantir a preservação do habitat natural. No futuro, a expectativa é devolver os descendentes para a natureza, onde poderão viver livres e procriar de forma mais natural.
Quase extinção das doninhas-de-patas-pretas
Antes da quase aniquilação das doninhas-de-patas-pretas, os EUA eram um local bastante acolhedor para a espécie. No final dos anos 1800, era estimada a existência de 500 mil a um milhões de espécimes na natureza. No entanto, a expansão agrícola os colocou na rota da extinção. Tanto é que, nos anos 1950, foram considerados extintos.
Em 1964, uma pequena população foi descoberta na Dakota do Sul e deu origem aos primeiros esforços de recuperação da espécie. Entretanto, não gerou resultados. A última doninha da espécie teria supostamente morrido em 1979.
Na última reviravolta da quase extinção, novas criaturas foram encontradas nos anos 1980, no estado de Wyoming, e deram origem ao atual programa. Agora, com os avanços da clonagem, há uma nova esperança.
Em paralelo, outras iniciativas parecidas buscam salvar outras espécies da completa extinção. É o caso dos clones do cavalo-de-przewalskin (EUA) ou do lobo-do-ártico (China).
Veja também:
Leia a matéria no Canaltech.