RioCard já era: só ‘Jaé’ vai valer nos transportes do Rio

A mudança no sistema de bilhetagem dos transportes municipais do Rio de Janeiro ocorrerá a partir de 1º de fevereiro de 2025, conforme anúncio da prefeitura. A partir dessa data, o cartão Jaé substituirá o RioCard como único meio de pagamento aceito nos ônibus, BRTs, VLTs, vans e “cabritinhos” [Serviço de Transporte de Passageiros Complementar Comunitário (STPC)] da cidade. Estima-se que cerca de três milhões de passageiros precisarão se adaptar ao novo cartão, mas o processo de transição ainda enfrenta desafios.

No sistema atual, o RioCard permite que usuários utilizem tanto o transporte municipal quanto os meios intermunicipais e estaduais, como barcas, metrô, trens e ônibus entre municípios. Com a mudança, os passageiros que utilizam transportes estaduais continuarão usando o RioCard, o que, na prática, exigirá que muitas pessoas portem dois cartões para completar seus trajetos diários.

A secretária municipal de Transportes, Maína Celidonio, vem orientando as empresas a se prepararem para fornecer o novo vale-transporte Jaé a seus funcionários, lembrando que a confecção dos cartões pode levar até um mês. Ela destacou a necessidade de os empregadores e funcionários agilizarem os pedidos para evitar problemas em fevereiro.

Contudo, questões como a integração dos beneficiários do Bilhete Único Intermunicipal (BUI), um benefício do governo estadual, ainda não foram resolvidas, afetando cerca de 100 mil usuários que utilizam o bilhete diariamente.

A falta de definição quanto à integração do Jaé com o BUI levanta preocupações, já que atualmente esses passageiros conseguem utilizar o RioCard para acessar diferentes meios de transporte sem pagar nova tarifa, desde que a troca ocorra em até três horas. A prefeitura está em tratativas com as concessionárias estaduais de transporte, incluindo MetrôRio, SuperVia e Barcas, para considerar uma possível extensão do Jaé. Paralelamente, negocia-se com o governo do estado uma solução específica para o BUI.


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O processo de implementação do Jaé começou em julho de 2023, com uma meta inicial de substituição do RioCard para o começo de 2024. No entanto, dificuldades operacionais levaram a prefeitura a adiar o prazo para fevereiro de 2025. Dados da Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) mostram que, em outubro, o Jaé foi responsável por apenas 1% dos mais de 63 milhões de embarques mensais realizados, evidenciando a necessidade de aceleração da transição.

Para facilitar o acesso ao Jaé, a prefeitura distribui o novo cartão de forma segmentada. Estudantes da rede municipal recebem o Jaé nas próprias escolas, enquanto pessoas com deficiência e doentes crônicos podem buscar o cartão em clínicas da família. Já os idosos são orientados a solicitar o novo cartão diretamente junto à empresa Jaé, enquanto beneficiários da gratuidade podem fazer o pedido pelo aplicativo oficial, com entrega direta mediante o pagamento de uma taxa.

O CEO da empresa Jaé, Zeca Vianna, explica que a empresa não estava preparada para uma demanda tão grande e que a recusa da RioCard em compartilhar a base de usuários complicou o processo de migração. A RioCard argumenta que o compartilhamento de dados violaria a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), reforçando que o relacionamento da empresa com o município deve ser mediado por órgãos solicitantes específicos, como as secretarias de Educação e Saúde, e não diretamente pela de Transportes.

Com a substituição do RioCard pelo Jaé, a prefeitura do Rio pretende ter maior controle sobre a operação de transporte público municipal, alegando que o atual sistema de bilhetagem impede o monitoramento em tempo real. O controle de dados das operações é feito com atraso, dificultando o planejamento eficiente das linhas. O CEO da RioCard, Cassiano Rusycki, explica que os relatórios mensais respeitam a regulamentação da SMTR e que o detalhamento dos dados não é uma exigência estabelecida.

Dessa forma, enquanto o município avança na implantação do Jaé, passageiros, empresas e órgãos de transporte seguem aguardando definições sobre questões cruciais para que a transição ocorra sem impactos negativos para os usuários.

Procurados pelo Diário Carioca, a Secretaria Municipal de Transportes e o Governo do Estado não responderam aos questionamentos do site até a publicação desta matéria.

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