Jovem tentou levar fraldas a ocupação e foi imobilizado por PMs. Vídeo

Policiais militares impediram que um estudante levasse fraldas para famílias abrigadas na Ocupação Expedito Gomes Xavier, em um prédio abandonado no Setor de Indústrias Gráficas (SIG).

O episódio foi filmado. As imagens mostram o universitário David Borges dos Santos no local, com pacotes de fraldas em mãos, ao ser abordado por PMs. “Você vai sair ou você vai ser preso! Entendeu?”, afirmou um militar. O estudante, porém, permaneceu no lugar.

O Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), responsável pela ocupação, considerou que houve excesso agressividade contra o jovem. A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) alegou que houve “crime de desobediência”.

Na sequência, um policial puxou o universitário pela perna, enquanto outros militares cercaram e imobilizaram o estudante. O jovem caiu no chão, foi cercado e imobilizado. Para a coordenadora do MLB-DF, Ellica Ramona, 28 anos, a ação policial configurou uma agressão.

“Eles vieram com mais violência e prenderam um estudante que estava aqui apoiando. Ele não era do movimento, mas estava prestando solidariedade. Tentou entregar a fralda, e acabaram prendendo ele. Agrediram bastante. Eles também encurralaram a gente, pegaram os documentos de todo mundo e estavam bem repressivos, para tentar nos tirar daqui”, detalhou.

O caso ocorreu após a PMDF cercar a região, nessa segunda-feira (11/11), após publicação da decisão de reintegração da posse do prédio ao respectivo dono. Na mesma data, a conselheira tutelar da Asa Sul Nathália Vieira também foi barrada, ao tentar levar fraldas, papel higiênico, pomada e água para as 80 famílias da ocupação.

Veja imagens do universitário agredido:

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Versão da PMDF

A PMDF informou que foi chamada para atuar em uma situação de invasão predial. De acordo com a instituição, foi homologada decisão judicial de reintegração de posse do imóvel. A corporação fez, então, a preservação do local ara impedir que demais pessoas invadissem.

Segundo a Polícia Militar, foi acertado com os advogados e demais pessoas presentes no local de que não haveria entrada de ninguém na construção. “Um homem pulou os gradis e infringiu a ordem exarada. Foi solicitado que ele saísse e o mesmo se negou, configurando o crime de desobediência. Quando abordado, verificou-se que o mesmo possuía uma faca”, alegou a PMDF.

De acordo com a PMDF, após resistência, foi o homem foi conduzido à 5ª Delegacia de Polícia (área central de Brasília).

Reintegração de posse

A PMDF cercou, na segunda-feira (11/11), o prédio ocupado pelo Movimento de Lutas e Batalhas (MLB-DF) na última sexta-feira (8/11). A corporação foi ordenada para cumprir decisão judicial que determina a reintegração de posse do prédio. Com o cerco, aproximadamente 40 pessoas que estavam no edifício ficaram do lado de fora.

O MLB detalhou que há 80 famílias na ocupação do edifício, abandonado “há mais de sete anos na capital do país”. A ocupação recebeu o nome de Expedito Xavier Gomes, um dos candangos que trabalhou na construção da atual capital do país. Ele e o colega de trabalho Gildemar Marques Pereira morreram em 1962, no canteiro de obras da Universidade de Brasília (UnB).

Um dos auditórios da instituição de ensino superior tem o nome Dois Candangos em homenagem aos operários, que acabaram soterrados durante as escavações do subsolo da universidade.

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