Estetoscópio sem contato? Como um “radar” pode auscultar o coração

Para auscultar o coração, é comum que os médicos em todo o mundo utilizem o tradicional estetoscópio em formato de Y, com as duas olivas auriculares (“fones”) e a peça arredondada e metálica que é colocada no peito do paciente. O ponto é que, se depender dos pesquisadores da Universidade de Glasgow, na Escócia, esta icônica peça pode se tornar item de colecionador nos próximos anos, com o desenvolvimento de uma nova técnica que usa um radar para “escutar” os sons do corpo.

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Em busca de formas menos invasivas e mais precisas de “escutar” o coração, a equipe escocesa de cientistas trabalha em uma nova geração de equipamentos de monitoramento médico sem contato, baseada em radares de onda contínua (CW). Os primeiros resultados foram publicados na revista IEEE Journal of Biomedical and Health Informatics.

Se essa forma alternativa de auscultar o coração demonstrar ser eficaz e se popularizar, é possível que seja adaptada para “escutar” o pulmão dos pacientes, como os médicos também fazem com o estetoscópio, o que ajudaria no diagnóstico de uma quadro de pneumonia, por exemplo.


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Estetoscópio sem contato?

O estetoscópio sem contato funciona a partir de um radar de onda contínua, sendo que este transmite um sinal de frequência 24 Ghz. Quando essas ondas “batem” no corpo do paciente deitado, o sinal de eco é usado para medir os sons produzidos pelo batimento do coração, conforme as válvulas abrem e fecham, além dos movimentos do tórax.

Nova técnica permite auscultar o coração com ajuda de radar, como se fosse um estetoscópio sem contato (Imagem: Farooq et al., 2024/IEEE Journal of Biomedical and Health Informatics)

Com um conjunto de filtros desenvolvidos para esta forma de medição, é possível remover ruídos do sinal e outras interferências, o que permite obter um bom sinal de pulso e calcular a frequência cardíaca do paciente.

Nos primeiros testes de validação da nova ferramenta, a equipe usou o radar para auscultar o coração de pacientes de ambos os sexos que estavam deitados. Todos estavam com roupas, quando as ondas começaram a ser emitidas. De forma paralela, uma máquina de eletrocardiograma (ECG) avaliava a frequência cardíaca para servir como controle.

Segundo os autores, o sistema consegue captar os sons do coração em todas as intensidades (como repouso e excitação) com quase 99% de precisão. As leituras diferiam das medições de ECG em menos de uma batida por minuto.

Futuro da medicina

“Os avanços nas tecnologias de detecção abriram novos e promissores métodos de rastreamento dos sinais vitais dos pacientes, sem contato físico”, afirma Qammer H. Abbasi, professor da universidade e autor do estudo, em nota. A partir disso, foi possível construir esse modelo pioneiro de estetoscópio sem contato.

“Esses avanços poderiam ajudar os médicos a monitorar seus pacientes 24 horas por dia, sem o uso de sensores vestíveis invasivos ou desconfortáveis, e fortalecer as medidas de controle de infecção nos casos em que os pacientes têm uma doença transmissível”, acrescenta o pesquisador. Dependendo da necessidade, o sistema poderá ser adaptado para ambientes clínicos ou casas.

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