Sinais de câncer de pulmão podem ser detectados pela respiração

O corpo humano quase sempre dá pistas químicas sobre o seu bom funcionamento ou sobre a existência de doenças, mas a ciência ainda não consegue ler a maioria desses sinais cifrados. A situação começa a mudar com uma nova pesquisa da Universidade de Zhejiang (China). Estes cientistas desenvolveram um sensor ultrassensível que detecta o câncer de pulmão através da respiração e do hálito de uma pessoa.

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O novo sensor capaz de detectar sinais do câncer de pulmão na respiração ainda está em fase de validação, mas os resultados preliminares são bastante positivos, como indica o estudo publicado na revista ACS Sensors. No teste, a tecnologia conseguiu distinguir pessoas com ou sem câncer num grupo de 13 pessoas. 

Vale explicar que, quando não tratado, o câncer de pulmão tem alto risco de evoluir para metástase (período em que se espalha para o resto do corpo e pode chegar até o cérebro, dependendo do quadro). Então, o diagnóstico precoce é algo fundamental para aumentar as chances de cura. Se tudo der certo, o sensor pode se tornar uma forma simples de triagem no futuro. 


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Sinal de câncer de pulmão na respiração e no hálito

Para entender, a respiração humana libera vapor de água, dióxido de carbono e outros inúmeros compostos menos conhecidos, como o isopreno. É um dos hidrocarbonetos mais comuns no ar exalado e, segundo estudos científicos, está conectado ao câncer de pulmão. Neste caso, baixos níveis de isopropeno são um forte sinal da condição oncológica, quando há suspeita.

Sinais químicos do câncer de pulmão estão presentes na respiração, e novo sensor conseguem identificar estas pistas do corpo (Imagem: Cheng et al., 2024/ACS Sensors)

Embora a relação entre o composto e o câncer seja conhecida, a oscilação é tão sutil em pacientes com a doença no pulmão que é muito difícil de medir a variação através das técnicas convencionais. Por isso, a equipe desenvolveu uma nova série de nanoflocos, constituídos por uma mistura de platina, níquel e outros componentes, que reage ao isopreno no ar com a liberação de elétrons. Isso pode ser medido a partir da nova técnica.

Segundo os autores, o sensor detecta níveis de isopreno tão baixos quanto 2 ppb (partes por bilhão). Entre os voluntários avaliados, as cinco pessoas com câncer tinham níveis de isopreno inferiores a 40 ppb no hálito. No grupo saudável (de oito pessoas), o nível era superior a 60 ppb. Embora seja uma diferença pequena, é suficiente para a triagem.

“Nosso trabalho não apenas proporciona um avanço na triagem de câncer não invasivo e de baixo custo por meio da análise do hálito, mas também avança no projeto racional de materiais de detecção de gás de última geração”, afirmam os pesquisadores no artigo. Agora, os testes devem continuar, mas, um dia, o sensor poderá ajudar a salvar milhões de vidas.

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