O pai da humanidade ( por Roberto Caminha Filho)

Estávamos pelos anos de 1930, às margens do mais sinuoso rio do mundo, o Rio Juru, e uma turma de poetas, juristas e políticos já procurava novos rumos para a democracia que nascia e se embalava nas redes e salões das terras brasileiras. Era na prefeitura de Eiru, cidade repleta de nordestinos, que ao meio-dia, nas varandas da Prefeitura da santa terrinha, que Almeron Monteiro, prefeito, Chico Lins, político municipal, Dr. Anézio,  juiz de direito, o Padre Egon e Mavignier, promotor público, se reuniam e traçavam os novos rumos da Cidade Sorriso do Rio Torto.

  Os novos renascentistas se inspiravam no Palácio das Tulherias, construído às margens do Rio Sena, sob os olhares de Catarina de Médici e ficava entre a Praça da Concórdia e o Arco do Triunfo do Carrossel. As rosas, tulipas e outras flores , vinham da Holanda e eram plantadas nos jardins da praça da prefeitura com bancos esculpidos nos mais robustos ipês, cumarus, jatobás e maçarandubas com pergolados ornados de maracatiara, cedro e virolas,  todas elas,  madeiras da região.

  O Estado sou Eu! do monarca absolutista Luis XIV, foi substituído pela frase brasileira: Eiru somos todos Nós!

  Entre um colete de maracujá e outro de limão, um tira-gosto de carambola, marirana e um de caju, todos no sal, passava uma caldeirada de tambaqui e um mandi fritinho na hora, na banha do caititu, bem perfumada por um capim limão e uma alfavaca. Era assim que a democracia ia se aperfeiçoando na calha do Rio Juru, sob a batuta das cabeças mais iluminadas da região. As praças, as ruas, o porto, as bebidas, as músicas da Philarmônica do Goga, as flores européias, os livros, as escolas e a edificação da cidade, já buscava os melhores contornos europeus. Tudo era feito para o bem estar do povo de Eiru. O Velho Almeron, quando saiu da prefeitura e candidatou-se a Deputado Estadual, conseguiu duzentos e três votos, dos duzentos e seis eleitores que compareceram às urnas. E ele disse antes do resultado:

  – Eu só não terei três votos e todos aqui sabem os que não votarão em mim. E disse nomes e sobrenomes.

  Dessa revolução político-cultural, saíram grandes nomes para a evolução do Estado. O melhor exemplo foi o garoto Nino, que desde criança, tinha música mostrando que o Governo do seu estado, passaria pelas suas mãos e as realizações seriam para a vida inteira. A U.E.A.  –   Universidade do EIRU, é a marca do Grande Nino.

  Os vetores da revolução cultural e tecnológica passariam pela disputa, na capital, de dois grandes políticos: Vinícius, do Eiru, e João Filho, de Santarém. Vinícius se intitulava de Pai da Humildade e Braga era o Pai da Pobreza.

  Ao final da contagem de votos, o representante de Eiru saiu vencedor e as cédulas com versos e palavras eróticas se multiplicavam. Almeron, prefeitão do Eiru, viu uma que lhe chamou atenção, pela letra desenhada do franco-eiruense Mavignier. O verso dizia coisas para a posteridade dos Estados e dos municípios desse Brasil varonil:

Se o Braga é o Pai da Pobreza

E o Vinícius da Humildade

Vamos votar no Caralho

Que é Pai da Humanidade

  Tanto os municípios quanto os Estados e o Distrito Federal só aprenderam essas palavras e até o Hino Nacional, feito por Dom Pedro e dado aos primeiros comprositores do Brasil: Francisco Manuel da Silva, em 1822 (a música) e pelo Osório Duque Estrada, em 1909 (a letra), é cantado errado em todas as cerimônias.

Roberto Caminha Filho, economista, procura boas opções para o Brasil.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.