Vítimas do golpe da falsa pousada: “Página confiável e profissional”

Responsáveis por fazer ao menos 25 vítimas, a quadrilha especializada no “golpe da falsa pousada” administrava páginas ativas e com grande número de seguidores nas redes sociais, além de mostrar uma postura profissional e de rápido atendimento em aplicativos de mensagem.

Alvos de uma operação deflagrada pela 18ª Delegacia de Polícia (Brazlândia) da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) na manhã desta quarta-feira (13/11), os criminosos ofereciam reservas a preços abaixo do normal em pousadas e chalés localizadas de Pirenópolis (GO), Entorno do Distrito Federal e destino de alta procura da capital federal.

Metrópoles entrou em contato com algumas das vítimas dos golpistas. Na grande maioria dos casos, elas relataram terem sido atraídas pelos perfis das supostas pousadas nas redes sociais, em especial no Instagram.

As publicações constantes e aparentemente realistas, o uso de postagens patrocinadas e o alto número de seguidores, foram as táticas usadas pelos criminosos para despistar suspeitas das vítimas. Além disso, os golpistas utilizavam nomes de pousadas já existentes para dar mais veracidade ao golpe.

“Eu comecei a procurar por estadias na região, e me deparei com uma publicação patrocinada dessa pousada. E quando eu verifiquei, percebi que era uma página aparentemente confiável, com muitos seguidores e que eles colocavam o número de contato na descrição do perfil. Então, nem duvidei e já mandei mensagem para eles”, conta o nutricionista Lindomar Braz, 26 anos, morador de Goiânia (GO).

Uma moradora do DF, que preferiu não se identificar, ressaltou que a forma como os golpistas se comunicavam pelo aplicativo de mensagem também foi outro fator que afastou a preocupação de que poderia estar caindo em um golpe. “Eles respondiam sempre de maneira muito profissional e não cometiam erros de português. E quando eu falei que gostaria de levar minha cachorrinha, eles logo me responderam que o lugar era ‘pet friendly’ – nome usado para estabelecimentos que aceitam animais”.

Veja troca de mensagens entre os golpistas e as vítimas:

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Para garantir recebimentos rápidos e gerar mais dificuldade para que as vítimas tentassem recuperar os valores, a última estratégia dos golpistas era oferecer descontos que iam de 10% a até 20% do valor da diária para pagamentos via Pix.

“Quando falaram do desconto, eu logo fiz a transferência. E quando eu finalmente voltei a entrar em contato com eles [e percebeu ter sido vítima de golpe] já era tarde demais para tentar o estorno do valor”, acrescenta Lindomar.

Conforme apurado pela reportagem, para receber os valores, os golpistas utilizavam contas em bancos digitais, registrados em números de CNPJ registrados no Maranhão, Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo e Ceará. Segundo os próprios golpistas, as contas seriam criadas sem conhecimento dos envolvidos.

Os donos das pousadas usadas como chamariz para os golpes, por sua vez, também foram vítimas dos golpes e não têm ligação com o esquema criminoso, segundo a PCDF.

Sem estadia nem reembolso

Após o recebimento das transferências via Pix, as vítimas recebiam por e-mail ou pelo próprio aplicativo de mensagens um documento de confirmação das supostas reservas. Contudo, conforme se aproximava a data do check-in, as vítimas eram simplesmente bloqueadas pelos golpistas, sem qualquer prestação do serviço prometido nem reembolso.

A moradora do DF, por exemplo, conta que soube que havia caído em um golpe apenas quando compareceu à recepção da pousada, junto ao namorado. “Eu fiquei devastada e nós três ficamos desamparadas na cidade, porque sequer conseguimos vaga em alguma outra pousada, pois todas da cidade estavam lotadas”, lembrou.

A esteticista Yasmin Izabel, 25, por outro lado, percebeu o golpe quando viu que havia sido bloqueada no aplicativo de mensagens. “Pedi então ao meu esposo que mandasse mensagem para a pousada e que tentasse que marcar uma reserva para o mesmo dia. Quando disseram que havia vaga para a data que tinha escolhido, percebi que caímos em um golpe”.

Yasmin registrou boletim de ocorrência e tentou contato com ambos os bancos envolvidos na transferência, mas sem sucesso de obter os valores da diária de volta. Por fim, ela decidiu buscar satisfação com os golpistas pelo perfil nas redes sociais. Ela conta que foi ironizada pelos criminosos, que responderam com uma foto suspostamente fumando maconha de dentro da cadeia.

“Nem sei se a foto é verdadeira, mas eu acho que eles mandaram isso para me assustar e impedir que eu tentasse tomar alguma providência, já que eles já estariam lá dentro”, completa Yasmin.

Ao todo, três golpistas foram presos pela PCDF. Dois suspeitos foram alvos de mandados de prisão cumpridos pela operação desta quarta (13/11), em Goiânia (GO). Um terceiro estelionatário havia sido detido na última sexta-feira (8/11).

Além dos mandados de prisão, os policiais cumpriram três ordens judiciais para busca e apreensão nas casas dos suspeitos. As medidas foram autorizadas pelo juiz da Vara Criminal e Tribunal do Júri de Brazlândia.

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Crimes, articulados por meio de perfis falsos de pousadas em redes sociais, ofereciam diárias com preços baixos para enganar vítimas

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Dois suspeitos são alvo de mandado de prisão, em Goiânia (GO)

Divulgação/PCDF

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Crimes, articulados por meio de perfis falsos de pousadas em redes sociais, ofereciam diárias com preços baixos para enganar vítimas

Divulgação/PCDF

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