TikTok, Google e mais: como eleição de Trump nos EUA pode afetar Big Techs

Donald Trump foi eleito para seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos e já pode reassumir o cargo diante de algumas situações polêmicas envolvendo Big Techs no país. Enquanto a primeira passagem do empresário no cargo foi marcada por sanções internacionais, ele agora se depara com processos regulatórios importantes mirando empresas como Google e TikTok. 

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A Gigante das Buscas enfrenta um processo antitruste na justiça dos EUA e pode ter que se desfazer de alguns de seus produtos, como Chrome e Android, como parte de medidas para evitar monopólio ilegal. Já o aplicativo de vídeos chinês, que já foi alvo de tentativas de bloqueio de Trump no primeiro mandato, pode ser banido no país se não vender a operação para uma empresa local. 

Há. ainda, investigações antitruste envolvendo empresas como Amazon e Apple e a presença importante de Elon Musk, que vai liderar um departamento de corte de gastos no governo federal.


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O Canaltech conversou com especialistas para entender como o novo governo presidencial pode lidar com este cenário, que apontam dois pontos principais:

  • Trump deve adotar uma postura menos restritiva sobre a regulamentação das Big Techs, principalmente ao considerar sua aproximação com Elon Musk e nomes importantes do Vale do Silício;
  • Como alguns processos já estão em andamento, o presidente pode não ter tanto poder para mudá-los, mas pode alterar a postura para futuras investigações.

Veja, a seguir, a análise para cada tema.

Possível bloqueio do TikTok

A principal tensão geopolítica do primeiro mandato de Donald Trump na presidência foi com a China, o que resultou em sanções pesadas sobre produtos de empresas chineses. A rede social TikTok foi investigada e precisou responder várias vezes ao Departamento de Justiça sobre acusações de espionagem através da coleta de dados de usuários estadunidenses e ligação com o governo chinês.

Em maio deste ano, o presidente Joe Biden sancionou uma lei que determina o bloqueio do TikTok nos EUA caso a empresa não seja vendida para uma controladora do país até o mesmo mês do ano que vem. 

Para o cientista político e pesquisador do Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da FGV, Leonardo Paz, Trump não deve mudar a rota deste processo por conta da segurança nacional. 

“Por mais que ele pudesse se beneficiar de uma agenda liberalizante, tem um componente da rivalidade com a China. Nesse caso, fala mais alto a segurança nacional: o Senado e a Cãmara, por serem de maioria republicana, são mais conservadores e agressivos em relação à contenção da China”, comentou.

Tensão entre o governo dos Estados Unidos e o TikTok continua alta (Imagem: Douglas Ciriaco/Canaltech)

Julgamento do Google

O Google enfrenta um processo histórico diante do Departamento de Justiça dos EUA e foi acusado de praticar monopólio ilegal no segmento de buscas, impulsionado por acordos exclusivos com Apple e Samsung para priorizar o buscador da empresa nos produtos das respectivas fabricantes.

O juiz responsável pelo caso ainda não determinou as punições concretas para a Gigante de Mountain View, mas considera a possibilidade de forçar a venda de algumas unidades da empresa, como Android e Chrome, o que resultaria na divisão da Big Tech. A decisão final deve ser publicada apenas em agosto de 2025, já com Trump no poder.

Ele, inclusive, já mostrou ser contrário à decisão na campanha presidencial. “Se você fizer isso, vai destruir a empresa? O que você pode fazer sem quebrá-la é garantir que seja mais justa”, comentou em evento em outubro, segundo a Reuters.

Apesar de existir uma vontade de Trump, Leonardo Paz comentou que o poder executivo fica mais limitado nessa situação porque se trata de uma decisão judicial em andamento, com base em uma legislação que já existe. 

“O que a gente pode especular que aconteça é que o governo Trump possa fazer uma força para que isso seja minimizado, ou até mais drasticamente que o governo tente modificar a lei via legislativo. É tudo especulativo nesse momento, mas supostamente vai ter um cenário mais favorável ao Google no contexto do governo Trump”, detalhou.

Google pode receber punições severas do Departamento de Justiça dos EUA (Imagem: Greg Bulla/Unsplash)

Investigações antitruste e regulamentação de Big Techs

A administração de Joe Biden ficou marcada por uma série de investigações antitruste sobre empresas como Meta, Amazon, Apple e Alphabet (controladora do Google). O governo federal também fez alguns movimentos que abordaram a regulamentação das Big Techs, das redes sociais e até da inteligência artificial.

Os órgãos responsáveis pelas investigações, como a Comissão Federal de Comércio dos EUA, possuem autonomia própria, mas o poder executivo pode influenciar nas decisões ao determinar as regras sobre possíveis violações. 

O doutor em direito internacional e professor de Economia na UNICAMP, Luís Renato Vedovato, entende que esse é um caminho que pode ser seguido na gestão de Trump.

“O sistema antitruste é regido por normas jurídicas, penso que havendo violação, ele deve agir. O que pode mudar, talvez, seja a percepção de violação: o governo Trump pode ser mais maleável e não reconhecer violação em todos os casos que o governo Biden veria. De toda sorte, o judiciário seria chamado para sanar dúvidas, o que poderia uniformizar a questão”, explicou ao Canaltech.

A tendência é de que Trump mantenha uma postura desreguladora, impulsionada pela parceria com Elon Musk. O anúncio do departamento chefiado pelo bilionário, inclusive, menciona um esforço do gabinete para “reduzir o excesso de regulamentações”, mesmo sem entrar em detalhes sobre o tema.

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