Com 65% do mercado de CPUs gamer no Brasil, AMD revela segredo do sucesso

No último ano, a AMD viu sua receita crescer 17% e bater US$ 5,8 bilhões capitaneada pelo setor de Data Center, incluindo processadores EPYC e aceleradores da família MI300. A boa fase também se reflete nas ações: desde o começo de 2023, os papéis da companhia mais do que dobraram de valor e já alcançaram a marca de US$ 155.

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No Brasil, a corporação liderada por Lisa Su tem registrado avanços importantes nos segmentos de data center e inteligência artificial. No segmento consumidor, a companhia diz ser responsável por 65% de todo mercado de CPUs gamer do país, registrando ganhos sucessivos de market share desde 2022.

Mas o que explica todo esse sucesso no Brasil e no mundo? Em entrevista exclusiva ao Canaltech, o diretor-geral da AMD Brasil, Sérgio Santos, revelou o segredo da companhia.


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Roadmap de lançamentos consistente e certeiro

Desde que assumiu como CEO da AMD em 2014, Lisa Su promoveu uma forte reestruturação interna e priorizou o setor de Pesquisa e Desenvolvimento para superar o fracasso dos AMD FX. Já naquela época, a visão da executiva foi decisiva para a companhia se reerguer.

Diretor-geral da AMD Brasil, Sérgio Santos apresenta market share da companhia no mercado de CPUs gamer (Foto: Jones Oliveira/Canaltech)

“O que faltava antes da gestão da Lisa Su era consistência de roadmap. Às vezes a AMD lançava algo inovador, mas não tinha follow-up, não tinha uma cadência determinada”, disse o diretor-geral da AMD Brasil à reportagem do Canaltech.

Foi com a chegada de Su ao comando do Time Vermelho e os investimentos em P&D que deram origem à arquitetura Zen. Até hoje base dos processadores Ryzen para consumidores e EPYC para servidores, essa tecnologia de núcleos inaugurou as estruturas modulares conhecidas como chiplets e deu início a uma nova era na companhia e na indústria.

“Hoje o nosso time de P&D está acertando na mosca. A execução do nosso roadmap está muito precisa, com a cadência correta, no tempo correto e com o produto correto. Hoje essa é a grande diferença dessa gestão”, revelou Santos.

Liderança no mercado de CPUs gamer no Brasil

Desde a estreia da família Ryzen de processadores para desktops e notebooks, a AMD vem crescendo em participação de mercado. Dados da Mercury Research apontam que, quando a primeira linha de CPUs Ryzen estreou no início de 2017, a AMD detinha 11% de participação, contra 88% de sua principal concorrente, a Intel.

Dados mais recentes, do segundo trimestre de 2024, mostram que a companhia registrou market share recorde a nível global, conquistando 28,7% do mercado de PCs desktop contra 71,3% da Intel. No comparativo com o segundo trimestre de 2024, o salto foi expressivo e de 15%.

No Brasil, o sucesso da AMD é ainda maior. Dados da IDC apresentados pela companhia no evento que ocorreu em Campos do Jordão (SP) na primeira semana de novembro mostram que a empresa equipa 65% dos PC gamers de todo o país.

Para o diretor da AMD Brasil, parte do segredo desse sucesso também pode ser atribuído à consistência do roadmap da companhia:

“Nós temos conseguido entregar produtos para o mercado gamer de uma forma consistente, com melhorias de desempenho geração após geração. Já tínhamos o melhor processador para games do mercado com o Ryzen 7 7800X3D e agora temos o Ryzen 7 9800X3D. É essa consistência que tem contribuído para esse sucesso”.

Outro ingrediente decisivo para essa hegemonia é a grande diversidade de processadores à disposição do público. Com as plataformas AM4 e AM5, a AMD consegue atender desde o segmento de entrada até o público entusiasta e de alta performance. Prova dessa popularidade e da amplitude do público-alvo é que a companhia venceu por dois anos seguidos o Prêmio Canaltech de Melhor Processador Custo-Benefício com o Ryzen 5 5600.

“Sabemos da limitação do poder aquisitivo do Brasil. Por isso a plataforma AM4 permite que o usuário com orçamento mais limitado ainda consiga ter uma máquina que atende o desempenho em FPS que ele quer. Quem não está preocupado com budget e quer um top de linha, a gente também tem opção. Conseguimos atender todo o espectro gamer, desde aquele que só tem dinheiro para comprar uma máquina muito barata até aqueles que falam que dinheiro não é problema. Temos opções para todos os bolsos”, enfatizou o principal executivo da AMD no Brasil.

Evolução do market share da AMD no mercado global de processadores (Gráfico: Reprodução/Mercury Research)

Apesar de liderar o segmento de CPUs gamer no Brasil, a expectativa da AMD é ampliar ainda mais a dianteira em 2025. Para alcançar esse objetivo, a companhia apresentou durante o Partner Summit 2024 um plano que envolve 3 ações bastante específicas:

  1. Estreitamento de parcerias e treinamento com varejistas para aumentar as vendas de componentes e notebooks equipados com soluções da marca
  2. Otimizar a comunicação com o público mainstream através de reviews e ações com influenciadores
  3. Ampliar a presença em eventos gamers em todo o Brasil

A mina de ouro dos servidores

Já consolidada no mercado consumidor gamer, agora a AMD quer replicar a fórmula no segmento de servidores no Brasil.

Hoje, a divisão de Data Centers é a que mais fatura e a que mais cresce na AMD a nível global. No terceiro trimestre de 2024, a companhia registrou alta de 122% na receita de servidores em relação ao mesmo período de 2023, arrecadando US$ 3,5 bilhões — 52% de todo o rendimento no período.

À reportagem do Canaltech, o diretor-geral da empresa explicou que o cenário atual é de renovação dos servidores devido à necessidade de mais poder computacional e eficiência energética para inteligência artificial. Por isso, abrem-se inúmeras oportunidades para adoção de servers baseados em AMD EPYC — inclusive no Brasil.

Destacando a escalabilidade dos novos processadores, que têm versões com até 192 núcleos e 384 threads, Santos afirma que hoje a AMD consegue substituir um data center com 1.000 servidores da concorrência com apenas 130 EPYC, mantendo o mesmo desempenho.

Escalabilidade é principal atrativo das CPUs AMD EPYC para servidores (Foto: Jones Oliveira/Canaltech)

“A questão do TCO (total cost of ownership) é o nosso principal argumento. Você precisa aumentar seu poder computacional por conta da inteligência artificial, e isso demanda mais disponibilidade energética. E para ter disponibilidade energética, você tem de modernizar seu data center. Com os processadores EPYC, você reduz seu TCO e seu consumo de energia em 70%, compra menos servidores, e diminui espaço físico e custo com licenciamento de software”, explicou o executivo.

Apesar de ter o produto certo no momento certo, Santos reconhece que ainda há um longo caminho rumo à liderança. No mundo, a AMD detém 34% de market share em servidores; no Brasil, o executivo estima cerca de 10%. Mesmo assim, ele é otimista e projeta crescimento a partir de 2025 com a 5ª geração dos EPYC Turin, afinal “atualizar os servidores hoje é um grande negócio”.

Foco em inteligência artificial

Apesar da grande variedade de produtos em seu portfólio, a AMD deixou claro durante o Partner Summit 2024 que sua prioridade agora é a inteligência artificial.

Em dezembro de 2023, a companhia lançou a Instinct MI300, sua primeira família de aceleradores de IA. Muito bem-recebida pelo mercado, a GPU para data centers se tornou o produto que mais rápido arrecadou US$ 1 bilhão na história da AMD e, pouco mais de 10 meses depois, já recebeu uma nova versão: a MI325X.

Com a nova plataforma, a AMD quer fazer frente à NVIDIA, posicionando-se como uma alternativa acessível, com bom desempenho e, acima de tudo, alta disponibilidade. Não à toa há diversos relatos de que a companhia tem conseguido conquistar grandes clientes por ter as placas aceleradores à pronta entrega.

Apesar da curta jornada ser considerada um case de sucesso e surpreender muita gente, Santos explica ao Canaltech que não foi ao acaso. Para ele, Lisa Su não só corrigiu o roadmap de produtos, como também preparou a AMD para a Era da IA quando adquiriu a Xilinx por US$ 50 bilhões e abriu caminho para a inclusão de NPUs em seus processadores.

Portfólio amplo e focado em IA, com produtos que vão de ponta a ponta, diversifica negócios e faturamento da AMD (Foto: Jones Oliveira/Canaltech)

“Depois vieram outras aquisições. Trouxemos a Pensando para DPUs, em seguida veio a Silo AI para aperfeiçoar nossos grandes modelos de linguagem e desenvolver aplicações específicas de IA. Ela [Lisa Su] de fato preparou a empresa para esse momento de IA e hoje temos esse portfólio que vai de ponta a ponta”, explicou o executivo.

Para o futuro próximo, a AMD trabalha no lançamento da MI350X no segundo trimestre de 2025. A promessa é que o acelerador entregue 35x mais performance que o modelo original lançado em 2023, no maior salto de desempenho da história da companhia, e encare de frente as NVIDIA Blackwell.

“A inteligência artificial é a tecnologia mais transformadora dos últimos 50 anos. E nós estamos em busca da liderança”, finalizou o diretor-geral da AMD.

Leia a matéria no Canaltech.

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