Como a COP30 2025 em Belém pode mudar o futuro do clima global?

No início da década de 1990, o Brasil sediou a ECO 92, também conhecida como Cúpula da Terra, um dos eventos ambientais mais significativos da história. A ECO 92 teve um impacto imediato e profundo, resultando na criação de políticas ambientais globais, como a Convenção sobre Diversidade Biológica e a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC). O evento reuniu líderes mundiais no Rio de Janeiro para discutir o desenvolvimento sustentável e definir compromissos concretos para combater a degradação ambiental. Entre os principais temas abordados estavam a biodiversidade, a mudança climática, o combate à desertificação e a Agenda 21, um plano de ação para promover a sustentabilidade.

A partir da ECO 92, minha paixão pela ciência do clima e pelo meio ambiente se intensificou de uma maneira profunda e transformadora. Foi naquele momento, vendo o mundo se unir por uma causa tão urgente, que percebi que eu queria fazer parte dessa mudança. Foi essa convicção que me levou a escolher a meteorologia como meu caminho.

Anos depois, surgiram as Conferências das Partes (COPs), como parte da UNFCCC. As COPs são reuniões anuais nas quais representantes de quase todos os países discutem e negociam ações para enfrentar as mudanças climáticas. Ao longo dos anos, as COPs se concentraram em temas como metas de redução de emissões, financiamento climático para mitigação e adaptação, e apoio aos países mais vulneráveis.


Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.

Na COP26, realizada em Glasgow, o foco foi na urgência de limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Essa meta é crucial para evitar os piores efeitos das mudanças climáticas, como eventos climáticos extremos, elevação do nível do mar e perda significativa de biodiversidade. Manter o aquecimento abaixo desse limite exige reduções drásticas nas emissões de gases de efeito estufa até 2030 e alcançar a neutralidade de carbono até meados do século. No entanto, desde 2023, essa meta não foi cumprida. A média global de temperatura já está acima de 1,5°C, e as projeções indicam que as anomalias positivas continuarão tornando a estabilização ou redução do aquecimento um desafio ainda maior.

Imagem: Reprodução/Copernicus

A COP30 ocorrerá no Brasil, de 10 a 21 de novembro de 2025, em Belém, no Pará, e há grandes expectativas para o papel do país como anfitrião. O Brasil tem a responsabilidade de destacar temas como desmatamento, preservação da Amazônia e justiça climática. O país pode propor iniciativas concretas, como o fortalecimento da fiscalização ambiental, a criação de incentivos econômicos para práticas sustentáveis e a implementação de políticas rigorosas contra o desmatamento ilegal. Além disso, o incentivo à agricultura sustentável e a promoção de energias renováveis, utilizando o potencial de biomassa e energia solar, são caminhos promissores.

Esta é uma oportunidade única para fortalecer a cooperação internacional e demonstrar o compromisso da América Latina com a sustentabilidade e o futuro do planeta. No entanto, já ultrapassamos a meta de aquecimento de 1,5°C, o que representa um sinal alarmante da nossa incapacidade de cumprir um objetivo fundamental para a segurança climática global. Este fato é extremamente sério, pois os eventos climáticos extremos estão se tornando mais frequentes e intensos, ameaçando diretamente vidas, ecossistemas e economias ao redor do mundo.

Imagem: Reprodução/Meteoblue

Os alagamentos no Rio Grande do Sul e em Valência, na Espanha, são exemplos claros dos impactos devastadores das mudanças climáticas, que resultaram em prejuízos econômicos significativos e deslocaram milhares de pessoas. Além disso, este ano registramos recordes de queimadas em várias partes do mundo, agravando ainda mais a crise climática.

A COP30 traz uma responsabilidade e uma oportunidade enormes para o Brasil se destacar globalmente, não apenas como anfitrião, mas como um líder ativo em adaptação climática. Precisamos estar atentos, pois as decisões tomadas no próximo ano serão cruciais para enfrentarmos esses desafios e nos adaptarmos a um cenário climático em rápida transformação.

Leia a matéria no Canaltech.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.