Americanas: AMER3 dispara 180% após lucro bilionário no 3T; é a virada da varejista?

 

Mais um dia marcante para a história da Americanas (AMER3), atualmente em recuperação judicial, na Bolsa brasileira. As suas ações registraram uma sessão de disparada nesta quinta-feira (14), após divulgar um resultado do terceiro trimestre de 2024 (3T24) na noite da véspera recheado de efeitos gerados pelo plano de recuperação judicial da rede de varejo.

A varejista registrou lucro líquido de R$ 10,3 bilhões no terceiro trimestre e reverteu prejuízo de R$ 1,63 bilhão de um ano antes. Com esse destaque no resultado, a ação já abriu a sessão desta quinta com salto de cerca 20% e acelerou os ganhos progressivamente durante a sessão, mais do que dobrando de valor ao longo do dia. A sessão foi encerrada com uma disparada de 180,06%, a R$ 9,41, em um dia de sucessivos leilões. Contudo, no ano, as ações ainda caem cerca de 90%; em agosto, cabe destacar, as ações foram agrupadas na proporção de 100 para 1.

A companhia afirmou que o resultado positivo bilionário obtido entre julho e setembro decorreu entre outros fatores de “reconhecimento como receita financeira dos ‘haircuts’ gerados no momento da quitação de dívidas concursais com credores financeiros e reversão de juros e atualizações monetárias”.

A XP avalia que o crescimento da varejista ainda é pressionado pelo canal online, mas com níveis de rentabilidade melhorando. O GMV (volume bruto de mercadorias) total caiu 4% ano a ano, com o e-commerce caindo 49%, enquanto o varejo físico cresceu 14%.

O varejo físico se destacou por conta de três frentes: i) produto certo, com a evolução de um modelo de precificação regional (antes nacional) e uma estratégia mais assertiva de abastecimento das lojas; ii) negociação inteligente, com objetivo de melhorar condições comerciais e aumentar sortimento em loja de categorias onde identificavam demanda/rentabilidade (como papelaria, brinquedos e vestuário); e iii) melhor loja, com testes de novos modelos de loja e a otimização do parque, resultando no fechamento de 21 lojas no trimestre, levando a um crescimento de 14% nas vendas das mesmas lojas.

A rentabilidade também foi destaque, com a margem bruta aumentando 2,6 pontos percentuais, impulsionada por um melhor mix de produtos e redução de custos. A empresa reportou o lucro bilionário beneficiado pela quitação de dívidas e um aumento de capital que reverteu o patrimônio líquido para positivo.

A posição de caixa líquido foi de R$ 482 milhões, após redução da dívida bruta de R$45 bilhões em junho de 2024 para R$ 2 bilhões dado o reperfilamento dos credores financeiro. O aumento de capital de R$24,5 bilhões foi finalizado nesse trimestre, revertendo o patrimônio líquido para terreno positivo em R$6 bilhões (vs. -R$ 30 bilhões no 2T24).

A varejista ainda entende que tem muito trabalho pela frente para destravar valor na companhia, mas elenca como algumas das prioridades: 1) melhorar venda/m² (metro quadrado); 2) trabalhar estratégias de precificação/logística; 3) projeto de modulação das lojas; e 4) adoção de modelos mais assertivos de controle de estoque, possibilitando controle de 100% dos SKUs (unidades de estoque) operados.

Para a XP, nota-se que a estratégia mais racional de precificação contribui para o cenário competitivo do e-commerce. No entanto, continua cautelosa com o setor, por conta de uma demanda ainda pressionada pelo macro e competição acirrada. A casa ainda tem a cobertura em revisão para AMER3.

Em teleconferência, a diretora financeira, Camille Loyo Faria, afirmou que a Americanas precisa continuar entregando melhoria de resultados de forma consistente para que o mercado possa começar a valorizar a companhia, que quando cotada no patamar de 3 reais por ação implicava em um valor de mercado de cerca de R$ 1 bilhão.

“Valendo menos de R$ 1 bilhão é totalmente errado, né? É muito pouco para essa companhia…Eu não acho que o mercado precisa enxergar a gente gerando R$ 1,5 bilhão de Ebitda para começar a valorizar a nossa ação. O mercado precisa enxergar que a gente está caminhando consistentemente e entregando o que está prometendo”, acrescentou a executiva.

Segundo ela, a Americanas deve conseguir obter no quarto trimestre, o principal período para o varejo no ano, melhora de sua margem bruta, apoiada em foco da administração exclusivamente na operação após pagamento da maior parte dos credores.

“Seguimos confiantes na expansão da margem bruta”, disse a executiva durante a conferência com analistas, citando que ainda “há muito trabalho a ser feito”.

Fonte: Infomoney

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