Acesso ao mercado de trabalho ainda é difícil para quem tem síndrome de Down

Pouco mais de 1% dos trabalhadores formais brasileiros são pessoas com deficiência. Segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), divulgados pelo Ministério da Economia, dos 46 milhões de vínculos de emprego formal do Brasil, somente 486 mil embarcam nesta população, que ao todo corresponde a mais de 18,6 milhões de pessoas no país.  

O Brasil soma 46 milhões de trabalhadores com vínculos de emprego formal. Deste total, pouco mais de 1% são pessoas com deficiência, o que em números corresponde a 486 mil. Os dados são da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), divulgados pelo Ministério da Economia, e revelam a baixa inclusão no mercado de trabalho de um país onde há 18,6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência.

Neste número, estão as pessoas com síndrome de Down, uma condição genética que resulta na deficiência intelectual e cognitiva. De acordo com os últimos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há no país cerca de 300 mil brasileiros com essa condição. 

Conforme explica o Ministério da Saúde, pessoas com a síndrome apresentam algumas dificuldades em coordenação, equilíbrio, postura e realização de atividades motoras finas ou grossas, além de questões que envolvem o desenvolvimento intelectual. Por conta dessas características, essa população acaba enfrentando preconceitos e dificuldades para se posicionar no mercado de trabalho.

Segundo a diretora do Núcleo de Desenvolvimento Neuropsicomotor da clínica de neurodesenvolvimento Espaço Cel, Maria Clara Piranda, apesar dessas questões, as pessoas com síndrome de Down podem alcançar um bom desenvolvimento de suas capacidades e avançar com crescentes níveis de realização e autonomia na vida pessoal e profissional. 

Apoio é importante para garantir o desenvolvimento

De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down (FBASD), a Trissomia 21 (T-21) é causada por uma alteração genética que ocorre na formação do embrião, o que resulta em uma cópia extra do cromossomo 21 em todas ou na maioria das células do indivíduo, sendo esta a origem dos sintomas.

Entretanto, especialistas apontam que, com os estímulos certos, as pessoas com a condição podem driblar limitações e alcançar autonomia. Maria Clara explica que, durante a infância, é fundamental que os pais busquem apoio e um tratamento para síndrome de Down com uma equipe multidisciplinar. O objetivo é garantir um desenvolvimento satisfatório, que priorize a saúde e estimule a independência. 

A FBASD considera que, com apoio e incentivo, as pessoas com a síndrome podem traçar seus próprios caminhos, trabalhar e viver sem, necessariamente, precisar da ajuda de um responsável.

Inclusão pelo trabalho garantida por lei 

A escassez de pessoas com síndrome de Down no mercado de trabalho é marcada pelo preconceito e falta de conhecimento. Entretanto, pessoas com essa e outras deficiências intelectuais podem e devem ser estimuladas ao aprendizado como qualquer outro profissional. 

O artigo 27 da convenção das Organizações das Nações Unidas (ONU) sobre o direito das pessoas com deficiência estabelece que todos têm direito a oportunidades iguais de trabalho. 

No Brasil, a legislação também reforça essa diretriz, favorecendo a inclusão dessa população ao mercado de trabalho. O Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015) veda a restrição ao trabalho da pessoa com deficiência e qualquer discriminação em razão de sua condição.

Há ainda a Lei de Cotas (Art. 93 da Lei nº 8.213/91) que estabelece a obrigatoriedade de empresas com 100 ou mais empregados preencherem uma parcela de seus postos de trabalho com pessoas com deficiência. 

Importância da inclusão no trabalho 

Estar inserido no mercado de trabalho pode ser um marco para as pessoas com síndrome de Down. De acordo com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), o ambiente de trabalho os ajuda a ganhar responsabilidades e desenvolver relacionamentos com grupos diversos. Esse aspecto favorece o desenvolvimento de habilidades mecânicas, cognitivas e de adaptação a diferentes situações. 

Conforme explica o Movimento Down, a inclusão no mercado de trabalho é uma etapa que não envolve apenas a pessoa e a empresa. “Família, escola e sociedade precisam caminhar juntas na defesa da inclusão efetiva para que a entrada no mercado de trabalho possa se tornar uma realidade”, afirma a entidade.

Ainda segundo o Senac, não são só quem tem síndrome de Down sai ganhando com a inclusão. Empregar essas pessoas seria benéfico para as empresas por meio da responsabilidade social, que visa promover humanização, estimular a diversidade, enriquecer relações interpessoais no trabalho e desenvolver a cooperação e a solidariedade entre a equipe.

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