Em carta, 79 entidades cobram celeridade no acordo UE-Mercosul

Uma estimativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que o Brasil pode ter acesso preferencial a 37% das importações mundiais de bens com a conclusão do acordo União Europeia-Mercosul. Atualmente, o percentual é de cerca de 8%. Assim, o acordo seria responsável por revitalizar o comércio exterior e os investimentos bilaterais brasileiros.

As negociações entre os dois blocos se arrastam há 25 anos, mas ainda esbarram em pendências ligadas a temas comerciais e ambientais. Considerando a relevância e urgência da conclusão do acordo, 79 entidades da União Europeia e do Mercosul assinaram uma declaração a favor do avanço das conversas.

O documento direcionado aos governos brasileiros e argentinos, às autoridades do Uruguai — que preside temporariamente o Mercosul — e ao parlamento europeu, ressalta que o tratado apoiará a resiliência da indústria e fortalecerá as cadeias de abastecimento, abrindo novos mercados para as empresas e proporcionando uma oferta estável de insumos. A carta reforça ainda que o acordo cobrirá um quinto da economia mundial, beneficiando cerca de 750 milhões de pessoas.

“Em tempos marcados por turbulência geopolítica e inúmeras crises, as interrupções nas cadeias de abastecimento e as pressões sobre as indústrias se tornam cada vez mais frequentes. O aprofundamento de nossas relações comerciais é fundamental para assegurar a resiliência de nossas economias. O acordo UE-Mercosul nos permite avançar em nosso compromisso com um comércio livre, justo e sustentável”, diz um trecho do documento.

O acordo é visto como uma oportunidade para modernizar e diversificar as cadeias de suprimentos, além de fomentar o desenvolvimento sustentável em áreas como mudanças climáticas, preservação florestal e direitos trabalhistas. Para as indústrias, a parceria com a União Europeia também é estratégica para garantir um fornecimento estável de insumos e expandir o acesso a novos mercados.

As expectativas para a economia brasileira são grandes. Em 2023, a cada R$ 1 bilhão exportado para a UE proporcionou a criação de 21,7 mil empregos, R$ 441,3 milhões em massa salarial e R$ 3,2 bilhões em produção. Em termos de comparação, as vendas brasileiras à China, principal parceiro comercial do Brasil, criaram 15,7 mil empregos, R$ 315,2 milhões em massa salarial e R$ 2,7 bilhões em produção por bilhão de reais exportados no mesmo período. Os dados são da Matriz Insumo-Produto, elaborado pela CNI com base em informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Geração de empregos

A CNI projeta que a implementação do acordo traria grandes benefícios para a economia brasileira. Em 2023, cada R$ 1 bilhão exportado para a União Europeia foi responsável pela criação de 21,7 mil empregos, R$ 441,3 milhões em massa salarial e R$ 3,2 bilhões em produção. Em comparação, o mesmo volume exportado para a China gerou 15,7 mil empregos e uma massa salarial de R$ 315,2 milhões.

Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indica que, até 2040, o PIB brasileiro poderia crescer US$ 9,3 bilhões. O estudo mostra também que, em termos relativos, o país obteria ganhos maiores que os da União Europeia (aumento de 0,06% no PIB) e dos demais países do Mercosul (alta de 0,20%).

“Estamos convencidos de que os líderes de ambos os lados devem buscar um compromisso para garantir que essa oportunidade seja aproveitada. O acordo UE-Mercosul apoiará a resiliência de nossas indústrias, fortalecendo as cadeias de abastecimento, abrindo novos mercados para nossas empresas e garantindo uma oferta estável de insumos. Instamos a que tomem todas as medidas necessárias para concluir definitivamente as negociações, proporcionando assim um impulso positivo para a recuperação econômica e o desenvolvimento, tão necessários em ambos os lados do Atlântico”, finaliza o documento.

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