Biden, Clinton e Roosevelt: rios, bumbás e tacacá(por Roberto Caminha)

Imagine só, meu amigo, três presidentes americanos desbravando a Amazônia! Não para dançar o boi-bumbá, nem para provar um tacacá, mas para buscar um tantinho de inspiração (ou consolo). Primeiro veio Theodore Roosevelt, o mais jovem presidente dos Estados Unidos, cheio de energia e ambição. Só que, quando ele perdeu a chance de voltar à Casa Branca, resolveu passear no Brasil. Assim nasceu o Rio Roosevelt, porque, vamos combinar, a Amazônia tem rio pra dar e alugar!

Agora, mais de um século depois, é a vez do tio Joe Biden. Ele não veio desbravar nada, mas apareceu com um sorriso, uma mala cheia de histórias e, pelo visto, um travesseiro e água do Mississipi – porque, né, precaução nunca é demais. Dizem que ele fez uma visita elegante, dessas que até os jacarés param pra espiar. Passou pelo MUSA (o incrível Museu da Amazônia) e ficou encantado com tudo. Até mencionou que aprendeu algumas lições da floresta com o velho Chico Mendes, nosso herói seringueiro, mostrando que fez a lição de casa.

Presidente Biden, temos um convite especial para o senhor! Sabemos que o senhor anda passando uns perrengues políticos lá nos EUA. Seu partido perdeu aquela eleição importante, e o senhor até resolveu abrir espaço para a vice Kamala Harris tentar a sorte (ainda que a gente ache que a situação ficou mais difícil que atravessar o Lago do Piranha na cheia).

Mas, olha só: aqui no Brasil, em especial na Amazônia, adoramos receber visitantes, e de coração aberto. E temos uma tradição bem simpática de nomear rios e igarapés com nomes marcantes. Que tal voltar para cá e batizar um deles? Afinal, já temos o Rio Roosevelt, por que não o Rio Biden? Ou, se o senhor preferir, podemos inventar algo mais criativo – que tal Igarapé do Tio Joe? Na inauguração da placa do Rio Biden ou do igarapé, faremos tambaquis na brasa, Dança da Chuva, com os pajés do Garantido e Caprichoso e ainda ganharás uns beijos das nossas Cunhãs Poranga…na bochecha.

E não se preocupe, Presidente Biden, que aqui cuidaremos bem do senhor. Podemos organizar um passeio de barco, com direito a açaí fresquinho, arabu de tartaruga, suco de camu camu, peixada na beira do rio e um pouco de samba de roda (porque carnaval é nossa especialidade).

Se preferir algo mais radical, podemos levá-lo para explorar a floresta com um guia local, assim como Roosevelt fez. Só que, desta vez, sem aquele drama todo de quase se perder ou adoecer, prometemos! A ideia é só aproveitar a beleza da Amazônia e, quem sabe, criar histórias para contar para os netos – ou até em algum discurso no futuro.

Se Roosevelt ganhou um rio, o senhor merece também. Temos rios grandes, pequenos, largos, estreitos, com nomes engraçados ou históricos. Se quiser, pode até levar um nome mais descolado, como Rio da Resiliência, que combina bem com sua jornada.

Então, Presidente Biden, fica o convite. Venha para o nosso carnaval, para a nossa floresta, e para a nossa hospitalidade. Aqui, mágoa vira festa, e tristeza vira nome de rio. Os seus conterrâneos ficarão com inveja do Primeiro Presidente Americano a visitar a nossa Amazônia, ainda no cargo de Presidente. Ainda esqueceram de dizer que és o CARA, o homem mais poderoso do mundo.

E, quem sabe, ao dar nome a um dos nossos tesouros naturais, o senhor também leve um pouquinho da nossa alegria de volta para os Estados Unidos. É ou não é um ótimo jeito de encerrar sua carreira política com estilo?

O outro Presidente americano que nos visitou, foi o Bill Clinton, que em palestra no ENAI de Brasília, contou: Fui convidado para um passeio e conversa do outro lado do Rio Negro, e quando dei por mim, estava no meio de uma reunião com todas os segmentos políticos do Brasil. Os socialistas, os comunistas, os liberais, os trabalhistas, todos com suas bandeiras fincadas na areia e muita comida cheirosa. Eu pensei que aquilo não poderia acabar bem. A minha surpresa foi ver a todos os políticos conversando e comendo no maior entendimento. Pelo entendimento presenciado, eu me colocarei, sempre, à disposição do Brasil para representá-los no que quiserem.

Lutarei para que o Rio Tarumã passe a ser Rio Bill Clinton, o único presidente americano a respirar no Festival de Woodstock, em 1969, e não ficar maluco beleza. Aqui, também poderemos, facilmente, trocar o nome do Lago do Puraquequara, que ninguém consegue falar, para Lago do Bill. Não seria uma beleza de nome?

Eu voto no Clinton até para Presidente do Flamengo!

Roberto Caminha Filho, economista, ora pelos dirigentes americanos e que eles reforcem nossos laços comerciais.

 

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