G20: ‘Estamos à deriva rumo à tragédia’, alerta Lula no Rio de Janeiro

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou nesta segunda-feira (18) na 2ª Sessão da Reunião de Líderes do G20, realizada no Rio de Janeiro. O tema central foi a necessidade de reforma das instituições de governança global.

Durante o discurso, Lula destacou a relação histórica entre o G20 e as crises econômicas enfrentadas pelo mundo nas últimas décadas. Ele relembrou o impacto da crise de 2008, criticando as escolhas feitas à época.

“Naquele momento, escolheu-se salvar bancos em vez de ajudar pessoas. Optou-se por socorrer o setor privado em vez de fortalecer o Estado. Decidiu-se priorizar economias centrais em vez de apoiar países em desenvolvimento”, afirmou.

Lula - Foto: Divulgação / Ricardo Stuckert / PR
Lula – Foto: Divulgação / Ricardo Stuckert / PR

O presidente defendeu que os benefícios do crescimento econômico global não foram distribuídos de forma equitativa, agravando a desigualdade social. Para ele, o fracasso da globalização neoliberal está diretamente ligado ao aumento do extremismo, da violência e das ameaças à democracia.

Lula ressaltou a responsabilidade dos líderes mundiais presentes na reunião em reverter esse cenário.


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“Em torno desta mesa estão os líderes das maiores economias e blocos regionais do planeta. Não há ninguém em melhor posição do que nós para mudar o curso da humanidade”, disse.

Ele destacou que, pela primeira vez, a reforma da governança global foi inserida de maneira efetiva na agenda do G20, com a aprovação de um Chamado à Ação na ONU.

Entre as críticas, o presidente mencionou a atuação do Conselho de Segurança da ONU, apontando que o uso do veto pelos membros permanentes compromete a eficácia do órgão.

“Do Iraque à Ucrânia, da Bósnia a Gaza, consolida-se a percepção de que nem todo território merece ter sua integridade respeitada e nem toda vida tem o mesmo valor”, declarou.

Lula - Foto: Divulgação / Ricardo Stuckert / PR
Lula – Foto: Divulgação / Ricardo Stuckert / PR

Lula também apontou falhas em intervenções internacionais, como no Afeganistão e na Líbia, e citou o impacto das sanções unilaterais. Ele defendeu a necessidade de rever as regras financeiras internacionais, enfatizando a desproporção enfrentada pelos países em desenvolvimento.

“O serviço da dívida externa de países africanos é maior que os recursos de que eles dispõem para financiar sua infraestrutura, saúde e educação”, afirmou.

O presidente propôs a convocação de uma conferência para revisar a Carta da ONU, com base no artigo 109, ressaltando que apenas 51 dos atuais 193 países-membros participaram da fundação da organização.

Ele defendeu ainda uma maior cooperação tributária internacional para combater desigualdades. Segundo Lula, uma taxação de 2% sobre o patrimônio de indivíduos super-ricos poderia gerar cerca de 250 bilhões de dólares anuais para enfrentar desafios sociais e ambientais.

Ao encerrar o discurso, Lula reforçou que o futuro será multipolar e que instituições mais representativas são essenciais para garantir estabilidade. Ele defendeu o multilateralismo como resposta às crises globais e alertou para os riscos de inação.

“Não é preciso esperar uma nova guerra mundial ou um colapso econômico para promover as transformações de que a ordem internacional necessita. Para evitar que o medo de dialogar triunfe, é preciso agir agora”, concluiu.

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