“A educação não para na escola”, afirma o PhD Rafael Parente

A Organização das Nações Unidas propõe 17 Objetivos  de Desenvolvimento Sustentável (ODS) como focos da Agenda 2030. O ODS de número quatro prevê “assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todas e todos”.

Entre as garantias previstas nesse tópico destacam-se a de que todos finalizem o ensino primário de qualidade com resultados relevantes de aprendizagem, bem como igualdade de acesso para homens e mulheres à educação técnica, profissional e superior de qualidade, a preços acessíveis, incluindo universidade.

Nesse contexto, para discutir “O futuro da educação — Agenda 2030 e boas práticas”, o Metrópoles convidou Rafael Parente, PhD em educação. Nesta segunda-feira (18/11), o Portal reuniu grandes nomes da educação e tecnologia no encontro “Educação do Amanhã 2024” para debater o futuro do ensino.

“O iphone tem cerca de 100 mil vezes a velocidade de processamento de dados do computador que ajudou a levar o homem à Lua. Será que a nossa capacidade de utilizar a tecnologia cresce de forma exponencial?”, questionou.

Parente ressaltou que, com o advento da inteligência artificial na Universidade do Arizona, um professor decidiu criar um curso, pois os alunos não estavam utilizando o ChatGPT da melhor forma. “No fim da formação, o docente percebeu que o material estava desatualizado e pediu para que os discentes atualizassem a ferramenta para outros alunos”, contou.

Essa constante atualização reflete na tecnologia, uma promessa de uma utopia que, segundo o especialista em educação, está mais para uma distopia.

“Se algo está dando errado é a partir de nossas escolhas. Será que é com a proibição dos celulares que conseguiremos resolver o problema? Ou será que precisamos assumir o papel de protagonista e mostrar para a sociedade como vamos lidar melhor com os aparelhos tecnológicos?”, ponderou.

Para ele, não adianta proibir nas escolas o uso do aparelho se as crianças vão utilizá-lo em outros lugares. Mais importante é ensinar a autorregulação e autodisciplina para saber se desconectar.

Disparidade educacional

O especialista afirmou, ainda, que a disparidade precisa acabar e a escola tem de oferecer boas oportunidades educacionais para todos.

“Precisamos assegurar que todas as meninas e meninos completem a educação primária e secundária de qualidade e estamos muito longe disso”, afirmou.

Rafael Parente apresentou dados em que 44% das crianças no 2º ano do Ensino Fundamental não sabem ler e 10,8% dos jovens da terceira série do Ensino Médio não aprenderam matemática e 73% não alcançaram o nível básico na disciplina. Os dados apresentados por ele fazem parte do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa).

Revolução digital

As escolas que não conseguirem desenvolver competências básicas de leitura e interpretação de texto ficarão para trás. Nesse sentido, ligar dados e ideias, bem como conseguir lidar com operações e máquinas será primordial. Parente conta que existia uma promessa de que haveria uma melhoria por meio do avanço tecnológico, mas que não se concretizou devido a um mundo que está desigual.

“Essa distância tem aumentado bastante. Provavelmente, o que vai acontecer com as inteligências artificiais é que se não tivermos uma transformação rápida no nosso jeito de formar as nossas crianças e jovens para prepará-los para essa era, teremos uma desigualdade. A educação não para na escola”, ressaltou.

O Educação do Amanhã 2024 é uma iniciativa do Metrópoles, com oferecimento da Maple Bear e da One School, e apoio do Ciman, La Salle Águas Claras e Sesc-DF.

Veja o evento completo:

 

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