Trump, o sujeito oculto da reunião do G20. Xi Jinping, o líder pacato

Diz-se nos Estados Unidos de um político em final de carreira ou de mandato que ele não passa de um pato manco. É o caso do presidente Joe Biden, a dois meses de sair da Casa Branca para dar lugar a Donald Trump, que ele derrotou há quatro anos.

Não procure Biden na foto dos líderes das 20 maiores economias do mundo tirada ontem no Rio para marcar os dois dias de mais uma reunião do G20, a primeira realizada no Brasil. Biden perdeu a hora e chegou atrasado ao local.

Também não procure o que ele falou, se é que falou alguma coisa, em uma das sessões reservadas para discussões entre os chefes de Estado. O que Biden diz já não se escreve. Escreve-se sobre o que Trump dirá e fará a partir de 20 de janeiro próximo.

Na falta de Trump, muito está sendo escrito sobre o que disse ou fez Javier Milei, o presidente argentino, o único para o qual Lula fechou a cara. Entre alguns dos seus pares, Milei é visto como uma espécie de barriga de aluguel de Trump, e como tal se comporta.

O dia de tensão entre ele e Lula se encerrou com uma provocação feita pelo argentino, conhecido como “El loco”. No X, Milei compartilhou uma publicação em tom pejorativo chamando Lula de esquerdista e comunista, e exaltando Jair Bolsonaro.

Se Lula tem razões de sobra para celebrar o êxito da reunião e o conteúdo da declaração final assinada pelos líderes das 20 potências mundiais, o sempre discreto, silencioso e pacato Xi Jinping, presidente da China, igualmente tem.

Trump ameaça o mundo com a adoção de uma política protecionista (“A América, primeiro”). Durante a campanha eleitoral, ele anunciou que elevará as tarifas de importação do seu país em 20%, para proteger a indústria nacional americana.

Um dos focos de Trump é a China. Não por acaso, Xi Jinping tem sido uma das principais vozes na defesa da manutenção da abertura de mercado. Se Trump fizer o que promete, ele dará início a uma guerra comercial de dimensão planetária.

Na declaração final do G20, os líderes se comprometeram em lutar para “garantir um sistema multilateral de comércio baseado em regras, não discriminatório, justo, aberto, inclusivo, equitativo, sustentável e transparente.” Ou seja: evitar barreiras comerciais.

O documento destaca ainda a crise humanitária na Faixa de Gaza, a guerra na Ucrânia, reforça os compromissos do Acordo de Paris para enfrentar as mudanças climáticas e abre caminhos para a taxação de super-ricos. Trump discorda da maioria dessas coisas.

Xi Jinping estenderá sua permanência no Brasil para uma visita de Estado. Desembarca em Brasília logo mais à tarde. Amanhã, se reunirá com Lula no Palácio da Alvorada, onde almoça. E jantará no Palácio do Itamaraty. Irá embora na quinta-feira (21).

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