Como um crime sem solução mudou a forma de fabricar e vender remédios

Você sabia que os lacres de segurança e outras medidas que comprovam que uma caixa de remédio não foram violadas nem sempre existiram? Há menos de 40 anos, tudo era mais informal. Nos EUA, esta mudança surgiu a partir de um crime ainda sem solução. Em 1982, um assassino em série adulterou analgésicos, adicionou cianeto de potássio (um tipo de veneno) nas cápsulas e causou a morte de sete pessoas em Chicago.

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O crime é conhecido, entre os norte-americanos, como Chicago Tylenol Murders. Isso porque apenas cápsulas de Tylenol, um remédio usado até hoje em caso de febre e dores, foram adulteradas. A troca do princípio ativo em pó do analgésico pelo cianeto dificultou descobrir a real causa das mortes em um primeiro momento.

Entre as sete vítimas do crime que mudou a história da indústria farmacêutica, estavam uma menina de 12 anos e três membros de uma mesma família que tinham tomado cápsulas de um mesmo frasco. 

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Conforme a notícia se espalhou e o medo de novas vítimas surgia por parte das autoridades, os moradores foram orientados a suspender o uso da medicação e um grande recall aconteceu. Em seguida, a legislação envolvendo a venda de medicamentos foi modificada, com impacto em outros países. 

Crime sem solução?

“Até hoje, o autor dos assassinatos não foi identificado e apreendido pelas autoridades”, informa artigo do Chicago History Museum (CHS). Um homem chamado James William Lewis foi considerado o principal suspeito, já que exigiu da farmacêutica responsável a transferência de US$ 1 milhão para interromper os assassinatos. Entretanto, ele foi condenado apenas por extorsão, o que o fez passar 10 anos na cadeia. Ele faleceu em 2023.

Mudança na embalagem dos remédios

Embora o crime ainda intrigue as autoridades policiais, ele modificou por completo a segurança da venda de medicamentos nos EUA, sem ou com receita médica. A primeira medida foi a aprovação no congresso, em 1983, de uma lei que torna crime a adulteração de produtos de consumo. 

Em 1989, a Food and Drug Administration (FDA), agência com função semelhante à Anvisa no Brasil, estabeleceu uma série de protocolos para tornar as embalagens de remédios mais seguras, com lacres e outras formas de proteção, permitindo que o consumidor pudesse notar qualquer adulteração. 

Também foi proposto o desenvolvimento de comprimidos mais modernos, em oposição às antigas cápsulas (com duas partes encaixadas) que podiam ser facilmente abertas e adulteradas com veneno.

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