Lembra da amostra do asteroide Ryugu? Ela foi colonizada por bactérias!

As amostras do asteroide Ryugu, trazidas à Terra em 2020, já foram colonizadas por bactérias. É o que descobriram pesquisadores liderados por Matthew Genge, do Colégio Imperial de Londres, que se surpreenderam com a eficiência dos microrganismos terrestres na colonização de um material vindo de fora do nosso plaeta. 

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“Encontramos microrganismos na amostra do asteroide. Eles apareceram na rocha e se espalharam com o tempo antes de finalmente morrerem”, explicou Genge. Segundo ele, a mudança na quantidade dos seres confirmou que estavam vivos, e sugere que a colonização ocorreu pouco antes de analisarem o material.

Parte das amostras do asteroide Ryugu (Imagem: Yada, et al.; Nature Astronomy)

A presença dos seres ali foi denunciada por filamentos de matéria orgânica e outras estruturas que, apesar de sugerirem se tratar de microrganismos filamentosos, não indica exatamente o tipo deles — para isso, seria necessário estudar o DNA. “Provavelmente eram bactérias como as Bacillus, porque elas são microrganismos filamentosos muito comuns principalmente no solo e em rochas”. 


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Se você estiver se perguntando se haveria a possibilidade de os microrganismos já estarem presentes nas amostras quando foram coletadas, indicando a presença de vida extraterrestre, talvez fique frustrado. A equipe considerou este cenário, e o investigou com uma tomografia de nano raios X computadorizada antes da preparação das amostras para o estudo.

O resultado? Não havia nenhum micróbio ali antes. “De qualquer forma, a mudança na população sugere que eles só apareceram depois que a rocha foi exposta à atmosfera, mais de um ano após seu retorno à Terra”, acrescentou o autor. Segundo eles, bastou apenas uma semana de exposição para que 11 microrganismos fossem identificados nas amostras.

Detalhe da superfície do asteroide Ryugu (Imagem: JAXA/Jaumann)

Uma semana depois, a população de “colonizadores terrestres” aumentou para 147. Os resultados não são indicadores da vida extraterrestre, mas mostram como os microrganismos atuam na Terra e pode trazer implicações para os efeitos causados por espaçonaves e rovers enviados a outros planetas. 

“Isso mostra que os microrganismos podem metabolizar e sobreviver prontamente em materiais extraterrestres. Na Terra, há uma abundância de material orgânico ‘caseiro’ disponível, mas em planetas como Marte, materiais orgânicos extra-marcianos podem sustentar um ecossistema”, disse Genge. 

Contaminação planetária? 

Em sua fala, Genge observou que as missões espaciais podem estar contaminando os ambientes que exploram. “Isso também mostrar que os microrganismos terrestres são adeptos da colonização rápida”, ressaltou.

As agências espaciais usam técnicas de proteção planetária para evitar a contaminação dos mundos que exploram (Imagem: Reprodução/NASA/JPL-Caltech/Lizbeth B. De La Torre)

As agências espaciais sabem disso, e por isso empregam técnicas de proteção planetária, desenhadas para diminuir os riscos da contaminação. Mesmo assim, o pesquisador recomenda que os cientistas tenham cuidado com a questão para evitar assumir que houve descoberta de vida alienígena em material trazido à Terra. 

“O fato de os micróbios terrestres serem os melhores colonizadores da Terra significa que nunca podemos descartar completamente a contaminação terrestre”, acrescentou. “Na maioria das vezes, a contaminação não é um problema, desde que você conheça sua fonte. O problema surge quando os cientistas tentam afirmar que a natureza ‘pura’ de um espécime é uma evidência de que as características são extraterrestres”, finalizou Genge.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Meteoritics & Planetary Science.  

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