Sismômetro flagrou lixo espacial “sacudindo” atmosfera da Terra em reentrada

Quem estava em Los Angeles e no sul e centro da Califórnia em 2 de abril teve a oportunidade de ver um espetáculo no céu. É que, naquele dia, várias bolas de fogo apareceram nestas áreas — houve quem especulasse se tratar de meteoros, ou quem sabe, de algum objeto voador não identificado. No fim, astrônomos confirmaram que o fenômeno foi causado pela reentrada da espaçonave chinesa Shenzhou-15, que causou explosões sônicas fortes o suficiente para serem detectadas por sismômetros em Los Angeles. 

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Com estes dados sísmicos em mãos, pesquisadores conseguiram reconstituir a trajetória que a espaçonave seguiu pela atmosfera. A técnica é promissora, porque pode ajudar pesquisadores e detectarem detritos espaciais reentrando em qualquer lugar do mundo mesmo que não consigam observações visuais deles. 

“Não conheço nenhum trabalho já feito para tentar rastrear e caracterizar detritos espaciais com medidas sísmicas”, comentou Benjamin Fernando, autor principal do novo estudo. Ele ficou intrigado com o evento de 2 de abril após relatos de observadores em Los Angeles, que disseram ter ouvido a reentrada dos detritos — e, se os ouvidos humanos captaram o som, então sismômetros de alta sensibilidade também deveriam ter registrado algo. 


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Segundo ele, câmeras e radares são eficientes para monitorar detritos espaciais, mas o problema é que estes dispositivos são escassos em áreas de baixa densidade populacional. “Sismômetros são melhores em capturar sinais de minutos em vibrações, especialmente em um evento promissor que causou um estrondo sônico”, acrescentou.

Fernando e seus colegas baixaram os dados sísmicos registrados naquela noite, e descobriram conjuntos de sinais similares, que se moviam do Pacífico para terra firme. Depois, dedicaram meses de trabalho para investigar a trajetória dos detritos, velocidade e tamanho. O pesquisador destacou que a reentrada da Shenzhou-15 marcou uma das primeiras vezes em que sismólogos usaram estações em solo para rastrear detritos espaciais.

O mais interessante é que o método pode funcionar para objetos reentrando em áreas com menor densidade populacional, revelando a velocidade e trajetória do objeto. Se a técnica for aplicada para eventos de bola de fogo, ela pode ser uma ferramenta para os cientistas preverem se um detrito espacial pode retornar sobre alguma área com grande quantidade de pessoas. 

De acordo com ele, o aumento das missões espaciais vem fazendo com que cada vez mais espaçonaves sejam lançadas; como consequência, elas são desorbitadas em algum momento, mergulhando de volta na atmosfera da Terra e colocando em risco pessoas e propriedades. “Não está fora do reino das possibilidades [a previsão], mas é bem desafiador — principalmente neste evento, por causa do relevo complicado de L.A.”, observou.

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