Tendo o pioneirismo como marca de sua história, o Hospital de Cirurgia (HC) realizou, por meio do Serviço de Neurocirurgia, o primeiro procedimento de estimulação cerebral profunda, conhecido como deep brain stimulation (DBS), pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Sergipe. A técnica, referência mundial no tratamento do Parkinson, oferece uma nova esperança para os pacientes que sofrem com a doença, ao proporcionar significativa melhora na qualidade de vida.
A DBS alivia os sintomas do Parkinson, doença neurológica que provoca dificuldades motoras e cognitivas que pioram progressivamente, ocasionando tremores, lentidão de movimentos, rigidez muscular, desequilíbrio, além de alterações na fala e na escrita. A intervenção cirúrgica consiste na inserção de eletrodos em áreas específicas do cérebro, conectados a um dispositivo neuroestimulador, semelhante a um marca-passo, implantado sob a pele. Após a operação, a equipe médica ajusta o aparelho no paciente, por meio de um tablet, ao longo do tempo.
Referência em alta complexidade e em neurocirurgia para a Rede Estadual de Saúde, o HC promoveu a operação DBS, custeada pelo SUS, graças à parceria com o Governo do Estado, através da Secretaria de Estado da Saúde (SES). “Para nós foi motivo de satisfação realizar esse feito inédito para o SUS. Pela primeira vez, um paciente com Parkinson que não tem plano de saúde e que não teria condições de fazer esse procedimento de forma particular (porque o material utilizado é de alto custo) teve acesso ao método. No Brasil são poucos os hospitais, através do Sistema Único, que realizam. Isso só prova, mais uma vez, o que o Cirurgia é hoje um dos melhores centros de neurocirurgia do Brasil, ao oferecer tratamentos neurocirúrgicos de alta densidade tecnológica, aliados à expertise e habilidades de nosso corpo médico”, declara o diretor técnico do HC, o neurocirurgião Dr. Rilton Morais.
Indicada para 20% dos pacientes
Especialista em distúrbios do movimento, dor crônica e neuromodulação e professor da Universidade Federal de Sergipe (UFS), o neurocirurgião funcional Dr. Jorge Dornellys conduziu a cirurgia DBS, que ocorreu no dia 8 de dezembro e contou também com a participação dos médicos Iago Carneiro e Amanda Barbosa, residentes de Neurocirurgia do HC, e da médica Isis Barreto, anestesiologista. De alta complexidade, a intervenção dura entre 6 e 8 horas e ocorre em duas etapas. “Na primeira parte, o paciente fica acordado, para testarmos os efeitos iniciais dos eletrodos. Depois, ele dorme e implantamos o marca-passo”, detalha o especialista.
O neurocirurgião explica ainda que o procedimento é indicado apenas para pacientes cujos sintomas não respondem mais às medicações ou apresentam efeitos colaterais significativos. “É uma grande virada de chave. É o tratamento ouro. Os pacientes ideais são aqueles com tremores resistentes aos remédios ou que apresentam movimentos anormais devido às medicações ou que perde efeito. Aproximadamente, 20% dos pacientes com Parkinson vão precisar desse tipo de tratamento em algum momento da vida”, informa.
Nova vida para os pacientes
Paulo Sérgio Ribeiro, 49 anos, foi o primeiro paciente beneficiado com o primeiro procedimento de estimulação cerebral profunda pelo SUS. Ex-montador de móveis e hoje aposentado, ele não escondia a felicidade ao receber alta hospitalar. “Os primeiros sintomas foram no pé, depois passaram para as costas. Passei a ser acompanhado pelo doutor Roberto César no HU (Hospital Universitário), onde descobri que tinha Parkinson. Conheci o doutor Jorge Dornellys, que me operou, e agradeço muito a ele. É um médico excelente, que me deu uma nova qualidade de vida”, compartilha.
Antes da cirurgia, Paulo enfrentava limitações severas, como dificuldade para andar e até mesmo para se vestir. “Caminhava me arrastando, sem levantar os pés. Colocar uma roupa era um desafio”, lembra. Mesmo com o aparelho ainda em ajustes, ele já nota melhorias: “O médico explicou que, em até seis meses, o aparelho será regulado. Hoje já percebo uma melhora significativa”, diz.
Para o Dr. Jorge Dornellys, o caso de Paulo é um exemplo claro de como o método DBS pode transformar vidas. “Ele tinha um quadro de discinesias, que são movimentos involuntários muito graves causados pelo uso da prolopa, a principal medicação para a doença. Com os eletrodos, vamos ajustando progressivamente os sintomas e as doses dos remédios. Normalmente, entre três e seis meses, o paciente apresenta uma melhora de pelo menos 70%”, assegura.
Paulo comemora o novo começo. “Estou muito feliz. Várias coisas que eu não fazia mais, hoje já consigo fazer. A expectativa é melhorar tudo, fala, parte física, meu jeito de me expressar. Caminhar para trás, por exemplo, era algo que eu não conseguia fazer e agora consigo”, declara.
Paliativo para doença
Dr. Jorge Dornellys ressalta que o DBS não cura a doença de Parkinson, mas limita os sintomas. “Nosso objetivo é melhorar a qualidade de vida, permitindo que o paciente retome atividades simples, como se alimentar sozinho, praticar exercícios e conviver com a família e amigos”, conclui.
Fonte: Assessoria de Imprensa
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