Ao menos dois mortos durante ataque em mercado de Natal na Alemanha

Um motorista avançou em alta velocidade contra um mercado de Natal na cidade alemã de Magdeburgo, no estado da Saxônia-Anhalt, leste da Alemanha, matando ao menos duas pessoas e deixando outras dezenas feridas na noite desta sexta-feira (20/12).

O caso aconteceu pouco depois das 19h (15h de Brasília) e está sendo tratado pelas autoridades inicialmente como suspeita de atentado, informaram porta-vozes dos governos municipal e estadual.

O tabloide Bild havia originalmente falado em 11 mortos, mas o governador da Saxônia-Anhalt, Reiner Erich Haseloff, confirmou até a última atualização deste texto apenas duas mortes – uma delas seria uma criança. Já a prefeitura fala em 68 feridos, dos quais 15 são graves, 37 têm ferimentos de gravidade média e 16 com ferimentos leves

O suspeito, um cidadão da Arábia Saudita de 50 anos, foi preso.

O mercado de Natal foi fechado. Socorristas e policiais se dirigiram em grande número ao local.

A bordo de uma BMW escura do tipo SUV, o suspeito teria acelerado em direção à multidão numa via cercada dos dois lados por estandes natalinos. Ele avançou por pelo menos 400 metros antes de fazer a curva em frente a um edifício, enquanto frequentadores do evento fugiam em pânico.

Segundo as emissoras WDR e NDR, o carro seria alugado.

O governador da Saxônia-Anhalt, Reiner Haseloff, afirmou que o suspeito vive na Alemanha desde 2006, tem especialização em psiquiatria e reside em Bernburg, a menos de 50 quilômetros de distância de Magdeburgo.

Mensagens que teriam sido publicadas por suspeito sugerem perfil crítico ao islã

O saudita suspeito de ter atropelado dezenas de pessoas, identificado pela revista Der Spiegel como Taleb A., deu há alguns dias uma entrevista a um blog americano anti-islã.

Nela, o homem acusou a Alemanha de promover uma “operação secreta” para “perseguir” ex-muçulmanos sauditas e “destruir suas vidas”, ao passo em que concedia asilo a sírios jihadistas, relatou a revista.

Taleb A. teria por muitos anos aconselhado mulheres que queriam fugir da Arábia Saudita, e mantinha uma página na internet com informações sobre o sistema de asilo alemão.

Em novembro, ainda segundo a revista, ele postou nas redes sociais que a “Alemanha precisa proteger suas fronteiras contra a imigração ilegal”, e acusou a ex-chanceler federal Angela Merkel de perseguir com sua política de refúgio um plano para “islamizar a Europa” – uma tese frequentemente defendida por radicais de ultradireita.

Desde o ano passado, a Alemanha vem endurecendo sua política de migração, tornando-a especialmente restritiva para refugiados. Recentemente, após a queda do ditador sírio Bashar al-Assad, o país suspendeu a concessão de asilo a sírios.

Outro vídeo publicado pelo suspeito é repleto de mensagens desconexas, que sugerem paranoia, como uma afirmação de que a polícia roubaria cartas dele.

Chanceler Scholz se pronuncia

O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, se pronunciou sobre o atropelamento em massa.

“As notícias que vêm Magdeburgo sugerem o pior. Meus pensamentos estão com as vítimas e suas famílias. Estamos ao seu lado e ao lado do povo de Magdeburgo. Meus agradecimentos às dedicadas equipes de resgate nessas horas de ansiedade”, disse Scholz.

Ele viajará a Magdeburgo neste sábado.

As principais lideranças políticas do país também se pronunciaram, expressando choque e condolências, entre elas o cotado a próximo chanceler federal, o conservador Friederich Merz, e o vice-chanceler federal, Robert Habeck.

A prefeita de Magdeburgo, Simone Borris, anunciou uma cerimônia em memória das vítimas na catedral evangélica da cidade, a ser realizada às 19h de sábado.

Atentado a mercado de Natal em Berlim matou 13 em 2016

O episódio acontece um dia depois do aniversário de oito anos do atentado terrorista ao mercado de Natal de Breitscheidplatz, em Berlim, que deixou 13 mortos. Na noite de quinta-feira, a Igreja Memorial Imperador Guilherme, que fica na praça do atentado, sediou um evento em homenagem às vítimas.

Na noite de 19 de dezembro de 2016, um islamista invadiu o mercado de Natal com um caminhão, roubado de um caminhoneiro que ele matou. Além dos mortos, mais de 60 pessoas ficaram feridas. O terrorista conseguiu fugir, mas foi morto quatro dias depois em uma troca de tiros com a polícia em Milão, na Itália.

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