À espera de Trump, guerra da Ucrânia fica mais tensa e imprevisível

A manhã de sexta-feira (20/12) em Kiev chegou ao som de sirenes e alertas de bombardeios, indicando que as bombas russas estavam a caminho da capital da Ucrânia no ataque que, entre outros pontos, atingiu instalações diplomáticas de seis países no território ucraniano.

O episódio se soma a outros eventos recentes, que mostram a intensificação no conflito, que, em grande parte, é causada por um “efeito Donald Trump”.

Uma pessoa foi morta durante a  ofensiva russa e ao menos 12 ficaram feridas, segundo autoridades locais.

Além de edifícios residenciais e uma igreja centenária do país, o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia informou que as embaixadas da Albânia, Argentina, Palestina, Macedônia do Norte, Portugal e Montenegro foram atingidas. As representações diplomáticas estão localizadas em um mesmo edifício na capital ucraniana.

Uma fonte ligada à Embaixada do Brasil, em Kiev, relatou ao Metrópoles o teor dos ataques russos, e confirmou que a representação brasileira não sofreu danos em decorrência da ofensiva.

“Foram ataques duros com mísseis sobre a capital, cerca de oito. A defesa aérea conseguiu atuar, mas destroços caíram sobre edifícios residenciais e de escritórios, atingindo embaixadas”, detalhou uma fonte com conhecimento sobre o assunto.

“Houve uma vítima, que caminhava pelas ruas no momento, além dos feridos. A embaixada do Brasil ficou sem danos. A situação na Ucrânia é de escalada de ataques contra alvos de energia e em centros urbanos, que exigem muito trabalho dos sistemas de defesa do país”, acrescentou.

O governo de Vladimir Putin informou que o ataque foi retaliação a uma ofensiva ucraniana contra o território da Rússia, quando 10 mísseis foram disparados pela Ucrânia. Apesar da alegação ucraniana e de imagens que comprovam alvos civis destruídos, o Ministério das Relações Exteriores russo alegou que a ação teve como alvo um local de produção de mísseis, incluindo alguns projetados pelos EUA.

“Em resposta às ações do regime de Kiev, apoiado por curadores ocidentais, esta manhã foi realizado um ataque coletivo com armas de alta precisão e longo alcance no centro de controle da SBU [Serviço de Segurança da Ucrânia], o escritório de design de Kiev ‘Lunch’, que projeta e produz os sistemas de mísseis Netuno, mísseis de cruzeiro terrestres MLRS ‘Vikha’, bem como as posições do sistema de mísseis antiaéreos Patriot”, destacou a pasta.

A intensificação nos ataques entre ambos os lados, que agora envolve o uso de armas de longo alcance do Ocidente contra o território da Rússia, surge em meio à expectativa de que a guerra possa ser impactada após Trump assumir a Casa Branca. 

Durante a corrida presidencial nos EUA, o republicano sinalizou que a política externa de Washington sobre a guerra deve ser alterada em sua administração. A principal crítica de Trump diz respeito ao financiamento bilionário de Washington a Kiev, que até o momento não foi transformado em ganhos significativos no campo de batalha.

Um dos sinais mais claros de que as coisas podem mudar ocorreu no fim de novembro, quando o presidente eleito dos EUA anunciou o general Keith Kellogg como enviado especial para Ucrânia e Rússia. Antes da indicação, o veterano da Guerra do Vietnã chegou a elaborar uma proposta de paz para a guerra entre Rússia e Ucrânia, com pontos que podem frustrar os planos de Volodymyr Zelensky.

Apesar das incertezas sobre como o novo governo dos EUA deve influenciar a guerra, Moscou e Kiev mostraram interesse em dialogar com Washington.

Vladimir Putin declarou nesta semana que está pronto para negociar com Trump “a qualquer momento”, dando indícios de que a Rússia buscará um nível de discussões mais elevado com os EUA após o republicano assumir a presidência.

Enquanto isso, o governo da Ucrânia confirmou que o enviado especial do presidente dos EUA para o conflito visitará o país em breve. Kiev, no entanto, não divulgou a data para a reunião entre o Kellogg e autoridades ucranianas por questões de segurança.

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