Queer: Jonathan Anderson, da Loewe, dá detalhes do figurino do filme

Depois de assinar o figurino de Rivais, lançado no Brasil em abril, o estilista Jonathan Anderson volta a trabalhar como figurinista em mais um longa do diretor Luca Guadagnino. Desta vez, em Queer, que chegou aos cinemas brasileiros neste mês e traz Daniel Craig como protagonista. Diretor criativo da Loewe, o designer norte-irlandês usou as redes sociais para dar alguns detalhes sobre os visuais do longa, inspirado no livro de William S. Burroughs.

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Daniel Craig e Drew Starkey em cena do filme Queer, de Luca Guadagnino - Metrópoles
Daniel Craig e Drew Starkey estrelam Queer, novo filme do diretor italiano Luca Guadagnino, conhecido por Me Chame Pelo Seu Nome

 

Autenticidade histórica

Antes de entrar nos detalhes do figurino, aqui vai um pequeno resumo de Queer. O filme retrata a rotina boêmia de William Lee (Daniel Craig), um estadunidense expatriado com vício em drogas, que vive de forma nômade na Cidade do México, nos anos 1950. O personagem se interessa pelo também estadunidense Eugene Allerton (Drew Starkey), um marinheiro dispensado. A trama se desdobra a partir do desenrolar dessa relação.

Como ponto de partida para contar a história por meio dos figurinos, Jonathan Anderson colocou três ideias principais como metas: para transpor autenticidade, as peças precisavam ser verdadeiramente de época; deveriam se deteriorar e envelhecer de acordo com a evolução dos personagens; para evidenciar a ideia de vidas transitórias, tudo que Lee e Allerton usam deveria ser compacto o suficiente para caber em uma mala para cada um.

Jonathan Anderson, figurinista de Queer, na première do filme em Los Angeles - Metrópoles
Jonathan Anderson, diretor criativo da grife espanhola Loewe e da marca homônima JW Anderson, assina o figurino de Queer. Esta é a segunda colaboração dele com Guadagnino, após atuar como figurinista de Rivais, também de 2024

 

Daniel Craig e Drew Starkey em cena do filme Queer, de Luca Guadagnino - Metrópoles
Os visuais do novo filme deveriam ser de época, se deteriorar de acordo com a trama e evidenciar a ideia de vidas transitórias

 

Detalhes do figurino do filme Queer, de Luca Guadagnino - Metrópoles
Para reforçar o conceito nômade, Jonathan decidiu que o closet dos protagonistas deveria caber em uma mala. Este é o de William Lee (Daniel Craig)

 

Detalhes do figurino do filme Queer, de Luca Guadagnino - Metrópoles
Imagens compartilhadas pela Loewe no Instagram reforçam a curiosidade: as peças realmente cabem em uma única mala

 

Pingente do filme Queer, de Luca Guadagnino - Metrópoles
Colar usado, inicialmente, pelo personagem do cantor Omar Apollo, que interpreta um dos casos de William Lee, no filme

 

Inspiração no autor

O visual dos atores, mas especialmente Daniel Craig, foi inspirado – mas não replicado – no próprio autor do livro que baseia o longa, William S. Burroughs. O personagem William Lee, vale destacar, é um alter ego semibiográfico. Jonathan Anderson queria evocar a essência do escritor em detalhes como as bebidas e os cigarros que ele consumia, qual seria o cheiro dele, entre outros detalhes, como “uma gola de camisa engordurada ou uma camisa queimada por cigarro”.

“As roupas às vezes podem se sobressair em um filme. É um equilíbrio cuidadoso para que elas não ofusquem o ator nem causem estranheza”, compartilhou Anderson na postagem da Loewe. Segundo ele, quase todos os itens do figurino, incluindo peças íntimas, são dos anos 1940 ou 1950. “Eu tinha a fantasia de encontrar todas as peças históricas”, complementou.

Daniel Craig em cena do filme Queer, de Luca Guadagnino - Metrópoles
Como Lee é um personagem semibiográfico, uma espécie de alter ego de William S. Burroughs, o próprio escritor foi uma referência para Jonathan Anderson criar o figurino do estadunidense boêmio

 

Detalhes do figurino do filme Queer, de Luca Guadagnino - Metrópoles
Aqui, o figurino de Eugene Allerton (Drew Starkey). Repare nas camisas transparentes: elas fazem referência à semitransparência que Jonathan vê no trabalho do pintor Glyn Philpot

 

Detalhes do figurino do filme Queer, de Luca Guadagnino - Metrópoles
O que seria a mala de Eugene, com itens essenciais do enredo

 

Daniel Craig e Drew Starkey em cena do filme Queer, de Luca Guadagnino - Metrópoles
Segundo o figurinista, quase todas as peças usadas no filme vêm dos anos 1940 e 1950

 

Referências artísticas

Quem acompanha a obra de Luca Guadagnino sabe que a fotografia e a sonoplastia são destaques à parte. No caso de Queer, até a pesquisa de Jonathan Anderson para o figurino carrega diversas referências artísticas, a exemplo do pintor britânico Glyn Philpot, do fotógrafo de moda George Platt Lynes e do mexicano Agustín Casasola.

Uma cena do filme, por exemplo, recria a pintura La Leçon de Musique, de Francis Alÿs, de forma idêntica, incluindo as roupas dos personagens. Para isso, Jonathan combinou blazers e calças azul-claro com camisas verdes.

Drew Starkey em cena do filme Queer, de Luca Guadagnino - Metrópoles
Drew Starkey em cena do filme Queer, de Luca Guadagnino

 

Pintura usada como referência em cena de Queer - Metrópoles
Pintura de Francis Alÿs, La Leçon de Musique, referência para uma cena do filme

 

Detalhes do figurino do filme Queer, de Luca Guadagnino - Metrópoles
Costumes azuis e camisas verdes inspiradas no quadro acima

 

Além de Daniel Craig e Drew Starkey, o elenco de Queer inclui nomes como Omar Apollo, Jason Schwartzman, Lesley Manville, o belga Michaël Borremans – uma das referências artísticas para Jonathan Anderson – e o ator brasileiro Henrique Zaga. A grife homônima do estilista (e figurinista), JW Anderson, lançou uma coleção-cápsula inspirada em Queer, para celebrar a estreia do filme.

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