Brain rot: por que consumir vários vídeos curtos deteriora a saúde mental

Coreografias, receitas, vídeos engraçados, trends, tudo isso em vídeos de 15, às vezes 30 segundos, em um feed de rolagem infinita. Depois de horas, que passaram como minutos, assistindo a esse conteúdo, o cérebro parece que derreteu. É o brain rot que te pegou.

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O termo foi declarado como “palavra do ano” pelo Dicionário de Oxford, e pode ser traduzido como “putrefação cerebral”. Na prática, ele designa exatamente a sensação de ter esgotado a capacidade cognitiva com montes de conteúdos fúteis e rápidos.

“Esse consumo excessivo dos vídeos curtos faz com que nosso sistema de recompensa fique sobrecarregado. E isso reduz nossa capacidade de concentração e aumenta nossa impulsividade”, explica Larissa Fonseca, psicóloga doutoranda pela Unifesp em Ansiedade, Depressão, Estresse, Sono e Sexualidade Feminina. 


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Segundo Raphael Ribeiro Spera, neurologista especializado em Neurologia Cognitiva e do Comportamento quando o indivíduo está com os receptores de dopamina saturados, é preciso de liberações constantes, maiores e mais frequentes.

“Então o estímulo para o cérebro fica mais premente, maior frequente e mais constante. E o que faz isso é novidade, com outro estímulo. Não à toa, o algoritmo vai alternando com coisas que você gosta, futebol, gato, música, humor”, diz Spera, que também é membro da Academia Brasileira de Neurologia (ABN).

De acordo com Leninha Wagner, neuropsicóloga e Perita Judicial em psicologia, essa sensação surge por diversos motivos. Entre eles:

  • fadiga mental: como o cérebro luta para processar informações em alta velocidade, isso gerar sensação de confusão ou entorpecimento;
  • diminuição da capacidade de concentração: o córtex pré-frontal, responsável pelo foco e pela regulação emocional fica XXXX;
  • saturação dopaminérgica: o fluxo constante de pequenas recompensas reduz a capacidade do cérebro de se engajar em atividades mais longas ou complexas.

Já virou rotina rolar a tela até os olhos arderem? Não aguenta mais e não sabe como parar? Larissa aconselha a e reduzir temporariamente esses estímulos em uma tentativa de restaurar a sensibilidade do sistema de recompensa, facilitando o controle e a disciplina.

“Essa prática funciona não por ‘resetar’, mas por interromper o ciclo de superestimulação”, diz a profissional.

Ela destaca também que o próprio design das redes é feito para ser viciante, o que torna ainda mais difícil ter o controle sobre o uso e, eventualmente, também dificulta romper o “vício” nas telas.

 “Você precisa chamar a atenção da pessoa em três segundos e o vídeo não pode passar de um minuto porque não gera engajamento”, relembra.

Quando questionado sobre a proibição em ambientes como escolas, Spera faz um comparativo: “cinto de segurança quando se tornou obrigatório, todo mundo reclamava no começo, hoje em dia é obrigatório. Quanto a fumar em lugar público fechado, aconteceu mesma coisa. Esses processos demoram a mudar, mas depois todos se adaptam”. 

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