Carta Aberta ao Prefeito Eduardo Paes – Cansamos de sermos ignorados – Moradores da zona norte do Rio

Prezado Prefeito Eduardo Paes,

Meu nome é Ana Magal, sou jornalista e assessora de imprensa freelancer e moradora do bairro de Piedade, na zona norte do Rio. Me mudei para essa residência em março deste ano, 2024, após ganhar o imóvel do meu pai de presente para sair do aluguel. 

Antes mesmo de me mudar verifiquei que a árvore em frente ao meu imóvel estava toda embolada nos fios e praticamente invadindo a minha varanda e a janela da casa vizinha. Em 10 de janeiro de 2024 eu abri um pedido de poda de árvore no Whatsapp do 1746 e me deram quase 300 dias para ‘análise’. Respirei fundo, pois não conseguia acreditar na resposta que eu lia, quase 2 anos para uma simples análise de um profissional responsável?

Logo depois que me mudei o caos começou. Começaram as quedas de energia constante na rua. Era praticamente todos os dias. Eu e meu vizinhos reclamamos com a Light que vinha, desligava algo no poste, a energia voltava, eles iam embora. No dia seguinte começava tudo de novo. 

Em abril de 2024 escutei a primeira ‘explosão’ na rua e levei um susto. Todos os moradores saíram de casa correndo. O poste estava faiscando e explodindo. Ligamos para a Light e nada foi feito. Isso ocorreu umas 4 vezes só no mês de abril. Só vieram depois que literalmente o poste pegou fogo e tivemos que acionar o Corpo de Bombeiros, que enfim, acionou a Light. Mas mais uma vez, eles vieram, desarmaram os fios de alta tensão, a energia voltou e eles foram embora como se nada tivesse acontecido. 

Bastava ventar um pouco ou chover forte para a árvore começar a balançar os fios e a explosões retornarem e as novas quedas de energia. Quando foi em maio, alguns dias após outra explosão no poste que chegou deixá-lo com marcas de fuligem, minha cadelinha idosa passou mal e precisei correr com ela para emergência. Ela foi operada às pressas e tudo correu bem, graças a Deus. Mas neste mesmo dia, eu que tinha feito compras no mercado e enchido a geladeira, já estava sem energia o dia todo. Mas só pensei em socorrer minha cadela. 

Voltamos e passamos a noite às escuras. No dia seguinte a energia não voltou mesmo eu reclamando. Tive que pedir socorro nas redes sociais para que algum advogado pudesse me ajudar e consegui um que acionou a justiça e obrigou a virem verificar o que houve, porque neste momento, todos os vizinhos já tinham voltado a energia, menos a minha residência. 

Fiquei 5 dias sem energia. Perdi eletrodomésticos, comida, com cadela operada e uma mãe idosa hipertensa em casa em um calorão insuportável. Somente na manhã de sexta para sábado, às 5h55 (isso, ainda noite lá fora), chegou uma equipe de emergência em minha casa. Fizeram vários testes e descobriram que o fio que vinha do poste que tinha explodido até o meu relógio tinha derretido e dado curto, desligando minha energia. Eles repararam com uma ‘emenda’ no fio e foram embora. Tive que acionar novamente à Justiça para rever meus danos. 

Pensei que o pesadelo tinha acabado, mas estava só começando. As quedas de energia continuaram a ocorrer e a árvore não era podada. Até que recebi a primeira resposta dizendo que a COMLURB verificou que a árvore estava muito perto da fiação e necessitava do auxílio da Light para podar a árvore. Isso foi em junho. E nada mudou. Árvore sem podar, quedas de energia e todo mundo tendo prejuízo, moradores e comerciantes. 

Aí começaram os problemas de coleta de lixo. Minha rua é a Rua Virgem Peregrina, esquina com a rua Padre Manoel de Nóbrega, onde fica o complexo do INMETRO/IPEM de vistoria. E nada. Os lixos começaram a se acumular nas calçadas por dias. Ou às vezes eles só coletavam um lado da calçada e o outro não. 

Desde que moro aqui, só vi uma vez garis varrendo e capinando a Rua Virgem Peregrina, sendo que a Rua Padre Manoel de Nóbrega é varrida diariamente e capinada semanalmente. E a nossa? Bom… Virando um verdadeiro matagal com lixo acumulado.

Começaram então a aparecer porcos que vinham do Morro do Urubu. Isso mesmo: PORCOS! 

Ficamos todo mês de dezembro tendo que abrir reclamação na central 1746 pelo Whatsapp toda semana para ter a coleta de lixo domiciliar regularizada. Eles voltavam, tiravam e voltavam a sumir novamente. Já tentei falar com Ouvidoria e nada. Me enviam sempre para o Whatsapp onde falo com um robô, a URA. 

Passamos o Natal com lixos espalhados nas calçadas de todo mundo nas ruas de Piedade e Quintino. Nenhuma rua teve coleta nem na segunda, dia 23/12, nem na terça, véspera do Natal. Acordamos no dia 25 com nossas calçadas fedendo e cheias de bichos.

Quanto à poda da árvore solicitada no dia 10 de janeiro de 2024, uma equipe da Light, veio na semana anterior a do Natal e podou igual a cara deles. Tiraram somente os galhos em torno da fiação e deixaram os galhos que invadem minha casa, a casa da vizinha e que já estão atrapalhando a passagem dos ônibus na rua aqui, pendurados. Parece uma imagem do Cristo Redentor, fazendo uma piada interna com nossa desgraça. 

Eu e meus vizinhos falamos com a equipe que podava a árvore na mesma hora sobre os galhos que deixaram sem cortar, eles disseram que não era de responsabilidade deles: “ou a gente mesmo podava ou chamava a COMLURB”. Se a empresa de limpeza urbana carioca não está recolhendo nem o lixo e levou quase 1 ano para enviar a Light para podar a árvore, o que ela fará por nós? Nada, claro!

A responsabilidade dos equipamentos da cidade do Rio de Janeiro é de sua gestão, ou seja, de sua responsabilidade e de sua equipe. Então quer dizer que se um carioca não mora em regiões onde tem grandes eventos, como: centro da cidade, Grande Tijuca, Zona Sul e Barra, a gente não existe?

Em anexo seguem fotos e protocolos de tudo o que anda acontecendo para sua averiguação e aguardamos solução urgente. Não podemos continuar a viver em um lixão a céu aberto. 

Atenciosamente,

Ana Paula da Cruz Magalhães

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