Lua altera a dinâmica nos recifes e produz intenso “coral marinho”

Não é segredo que a Lua tem impacto nas águas, formando as marés. Entretanto, uma equipe de pesquisadores da Marinha dos Estados Unidos descobriu que o luar também modifica temporariamente a vida nos recifes de corais. Enquanto alguns peixes e invertebrados ficam mais silenciosos, outros emitem sons mais altos e “barulhentos”, formando uma espécie de “coral marinho”.

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O impacto da Lua no ecossistema oceânico dos corais foi observado em três pontos diferentes do Havaí, entre 2020 e 2021, segundo estudo publicado na revista científica Plos One. Até o momento, os registros sonoros não foram divulgados.

Impacto da Lua nos recifes

Para entender como a paisagem sonora das comunidades de recifes de coral havaianos muda no ritmo do nascer e do pôr da Lua, os pesquisadores do Naval Undersea Warfare Center usaram diferentes medidores sonoros e, em seguida, analisaram as gravações.


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“Os sons dos peixes e invertebrados nos recifes de coral podem criar cacofonias persistentes, possíveis de serem registradas para monitorização do ecossistema, incluindo durante a noite”, explicam os autores no artigo. No entanto, esses sons nem sempre são iguais, como perceberam com a chegada da Lua.

“As múltiplas comunidades [de organismos] nos recifes de coral respondem rapidamente às mudanças de luz no ambiente, com modificações sustentadas no som ‘biológico’ entre o nascer e o pôr da Lua”, pontuam os cientistas.

Quais criaturas participam do coral marinho?

Avaliando as gravações, foi possível descobrir que alguns peixes nos recifes de coral, como pomacentrídeos (peixe-palhaço), mulídeos e chaetodontídeos, produzem pulsos de alta frequência e sons de trem de pulsos na banda de 0,5–1,5 kHz, com a chegada da Lua. Inclusive, ocorrem “aumentos na densidade espectral de potência de até 5,7 dB”, afirmam os pesquisadores.

Os peixes pomacentrídeos, como o peixe-palhaço, participam de carol marinho, com a chegada da Lua (Imagem: Sebastian Pena Lambarri/Unsplash)

Enquanto isso, os sons emitidos pelos invertebrados, como camarões, lagostas, caranguejos e ouriços-do-mar, se tornam mais baixos, “com diminuições de até 0,8 dB”. O mesmo ocorre com alguns outros peixes, com diminuições de até 4,4 dB.

Para os pesquisadores, “estas descobertas sugerem que o nascer e o pôr da Lua desencadeiam mudanças regulares nas interações dos ecossistemas dos recifes de coral”, perceptíveis pelos sons.

Monitoramento acústico dos corais

Há tempos, os cientistas sabem que os sons emitidos por uma comunidade aquática em corais é um bom indicador do nível de vida naquele habitat. Por exemplo, quando tudo está silencioso, isso costuma revelar que os recifes foram destruídos ou danificados gravemente, afastando os peixes e os vertebrados. A suposição pode ser feita, mesmo sem a análise de imagens.

Inclusive, há um projeto do Google para monitorar os sons dos recifes e, consequentemente, a saúde desses ecossistemas, com o uso de Inteligência Artificial (IA) para analisar as gravações. Para isso, foram espalhados inúmeros hidrofones (microfones projetados para serem usados ​​debaixo d’água) em cerca de 10 países. Agora, o “coral marinho” em homenagem à Lua pode ser um outro indicador a ser analisado, oportunamente.

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