“Arma em punho”, diz motorista abordado em blitz encomendada por PM

O motorista de uma empresária do Distrito Federal relatou à Polícia Civil momentos de tensão ao ser abordado por policiais militares durante uma blitz supostamente encomendada. A ação ocorreu em 30 de outubro de 2024, em frente a uma escola infantil no Lago Sul, enquanto ele transportava uma babá e uma criança de 5 anos. Segundo o depoimento, um dos policiais estava com a arma em punho durante toda a abordagem, que teria sido coordenada pelo coronel da reserva Jorge Eduardo Naime Barreto.

A Delegacia de Repressão à Corrupção (Decor) apura o envolvimento de Naime em um esquema de perseguição contra a empresária, contratado pelo ex-marido da mulher em meio a uma separação conturbada.

O coronel, que já é investigado por outros crimes, teria usado sua influência na Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) para organizar ações intimidatórias, como monitoramentos ilegais e abordagens direcionadas.

De acordo com o motorista, a viatura da PMDF interceptou o veículo após seguir o carro próximo à escola. Ele relatou que os policiais solicitaram apenas sua carteira de habilitação, sem verificar os documentos do veículo. Durante a abordagem, seu celular foi confiscado temporariamente e seus documentos foram fotografados. “Um dos policiais ficou com a arma na mão o tempo todo”, disse o motorista.

Plano

Câmeras de segurança da região mostram Jorge Naime próximo ao local da blitz, coordenando a ação. O coronel, identificado como um dos homens que estava posicionado em frente a uma barbearia antes da abordagem, foi flagrado interagindo com os policiais após a blitz. Naime permaneceu na viatura por cerca de um minuto antes de deixar o local em outro veículo.

Segundo a Polícia Civil, o objetivo da ação era intimidar a empresária e as pessoas próximas a ela. O motorista, ainda em depoimento, relatou que a criança presenciou todo o episódio e ficou visivelmente abalada com a situação.

Histórico

Jorge Naime já havia sido preso em fevereiro de 2023 por seu envolvimento nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, sendo acusado de crimes como tentativa de golpe de Estado e dano ao patrimônio público. Liberado em maio de 2024 com medidas cautelares. A Decor continua as investigações para apurar o alcance do esquema e a possível participação de outros policiais militares na ação.

O outro lado

Em nota, a defesa do oficial refutou qualquer alegação de envolvimento em atos de perseguição ou intimidação contra a empresária. Afirmou que as funções de segurança foram exercidas em consonância com um contrato formal previamente estabelecido.

A defesa também ressaltou que o contato do coronel com a guarnição responsável por determinada ação teve como única motivação a preocupação legítima com a segurança das pessoas sob sua proteção, não havendo qualquer atitude que pudesse ser vista como intimidação.

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