Fósseis batizados de Punk e Emo reescrevem história dos moluscos

Para os paleontólogos, os últimos meses pareceram muito com um show de rock, já que duas estrelas da mesma família ocuparam os palcos de estudo — eles são Punk e Emo, dois moluscos fossilizados de 430 milhões de anos que demonstram a diversidade e genialidade de seus corpos de formas inimagináveis para a ciência.

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Encontrados em Herefordshire, no Reino Unido, os restos das criaturas datam do Período Siluriano (entre 443 e 419 milhões de anos atrás), e pertencem ao grupo dos Aculifera, que inclui quítons e moluscos semelhantes a vermes. Acreditava-se que esses seres eram básicos e primitivos, mas o achado dos rockstars virou tais noções de cabeça para baixo.

Moluscos rockstars em 3D

Mark Sutton, pesquisador do Imperial College London, foi o líder de um estudo que criou fósseis virtuais da dupla curiosa de moluscos, cujos detalhes incluíram tecidos moles, algo muito raro em restos tão antigos. De forma não invasiva, isso revelou uma mina de ouro de características dos ancestrais dos moluscos modernos.


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Punk e suas adaptações que lembram um membro da subcultura que leva seu nome — ele era mais complexo do que se imaginava de um molusco ancestral (Imagem: Sutton et al./Nature)
Punk e suas adaptações que lembram um membro da subcultura que leva seu nome — ele era mais complexo do que se imaginava de um molusco ancestral (Imagem: Sutton et al./Nature)

As espécies novas foram nomeadas Punk ferox e Emo vorticaudum por conta de suas características únicas. Punk possui uma aparência áspera, com vários espinhos e chifres, lembrando um membro da subcultura punk.

Emo possui uma postura alongada e dobrada, indicando uma maneira de se mover bem incomum — a individualidade e adaptabilidade possui uma associação cultural com o estilo emo. O estudo começou usando raios-x para examinar a estrutura interna de cada fóssil, então separando seus corpos com scans muito finos, com fotografias de cada parte montando um modelo 3D digital.

Isso revelou que Emo se movia, provavelmente, de maneira similar a uma lagarta, dobrando o corpo e o impulsionando para a frente de maneira rítmica, se agarrando ao chão com pequenas saliências. Ele possuía características únicas, como um corpo comprimido e estruturas semelhantes a conchas.

Análises de Emo mostraram que seu corpo era adaptável e único, bem como os membros da subcultura à qual o nome foi associado (Imagem: Sutton et al./Nature)
Análises de Emo mostraram que seu corpo era adaptável e único, bem como os membros da subcultura à qual o nome foi associado (Imagem: Sutton et al./Nature)

Punk é mais misterioso com seus movimentos, mas suas patas tinham fendas e guelras, uma combinação única nunca vista em outros moluscos. Ele possuía uma combinação de vários traços vistos separadamente na família animal, como os quítons, que possuem conchas protetivas segmentadas. Ambos os fósseis tinham as partes inferiores retas, sugerindo uma vida no solo marinho.

O aprendizado principal dos cientistas é de que a evolução dos moluscos inclui misturas de traços comuns atualmente, mostrando uma história mais intrincada e diversa do que se pensava. Até mesmo organismos que parecem simples, à primeira vista, podem ter histórias evolutivas surpreendentes, passando por várias abordagens para sobreviver bem em seu habitat.

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