Manuscritos revelaram ligação de ONG com lideranças do PCC

Manuscritos apreendidos em celas da Penitenciária Regional de Presidente Venceslau detalham como a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) utilizava a ONG Pacto Social & Carcerário como ferramenta para agir interesses da cúpula da organização. O esquema foi desvendado no âmbito da Operação Scream Fake, deflagrada nessa terça-feira (14/1).

Os documentos, escritos à mão, detalhavam as diferentes formas de atuação do PCC. Confira:
Organização de protestos: planos de manifestações envolvendo familiares de presos e ONGs, com paralisações dentro das penitenciárias e encenações de tortura para atrair atenção da mídia.
Locais estratégicos: mapas e instruções para protestos em pontos específicos de São Paulo, como o Fórum João Mendes e bairros como Capão Redondo e Paraisópolis. Helicópteros da imprensa eram citados como alvo de imagens estratégicas.
Ameaças a agentes públicos: os manuscritos indicavam planos de retaliação, incluindo possíveis ataques a três agentes públicos, descritos como “respostas de sangue”.
Decodificação de mensagens: um código alfanumérico foi encontrado, usado para traduzir mensagens cifradas trocadas entre integrantes da facção.
Códigos telefônicos: referências a DDDs de diversas regiões do estado de São Paulo e uma lista de apelidos e codinomes usados pelos envolvidos.
Conexão com a ONG: os manuscritos detalhavam a participação da Pacto Social & Carcerário em ações coordenadas pela facção, incluindo manifestações e litígios direcionados contra o sistema prisional.

Operação Scream Fake

Com base nos documentos, o Ministério Público e o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), em parceria com a Polícia Civil, deflagraram a operação Scream Fake. A ação resultou na prisão preventiva de 12 pessoas, incluindo três advogados ligados ao PCC, além da presidente e do vice-presidente da ONG.

Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em cidades de São Paulo, como Presidente Prudente, Ribeirão Preto e Sorocaba, além de Londrina, no Paraná. As investigações apontam que a ONG, que ostensivamente atuava no apoio a presos e egressos do sistema carcerário, era usada para disseminar denúncias falsas de abusos no sistema prisional e enfraquecer a Justiça criminal.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.