A Idade de Ouro prometida por Trump começou faz tempo para a América

Quem ouve Donald Trump dizer que, com ele, terá início uma nova Idade de Ouro dos Estados Unidos, é levado a pensar que o país experimenta a decadência. Que os Estados Unidos perderam a posição de maior potência mundial, sufocado por inimigos e aliados traiçoeiros que só exploram as divisões da sociedade americana.

Falso. A superioridade dos Estados Unidos é acachapante em todos os domínios, a Idade de Ouro prometida por Donald Trump começou faz tempo. Michael Beckley, professor da Tuft University, compilou os dados na revista Foreign Affairs para escrever um artigo interessantíssimo sobre como as divisões no país explicam a sua grandeza. Tentarei voltar a ele nos próximos dias.

Por ora, fiquemos nos fatos objetivos. Os Estados Unidos são responsáveis, hoje, por 26% do Produto Interno Bruto (PIB) do mundo. Recuperaram a mesma porcentagem do início dos anos 1990, quando a União Soviética chegou ao fim, a China estava longe de ser uma super potência econômica e os americanos reinavam sem nenhuma sombra adversária.

Há 15 anos, a economia dos Estados Unidos equivalia à economia da União Europeia. Hoje, tem o dobro do tamanho.  Se você toma o Sul Global como referência, excluindo a China, ela é 30% maior do que a de todos os países emergentes da Ásia, América do Sul e África juntos.

Os dados sobre renda mostram por que os Estados Unidos atraem tantos imigrantes. Nos últimos 30 anos, os americanos mais pobres tiveram um aumento de renda de 74%, bem acima da média nacional de 55%. De 2019 para cá, os salários dos operários do país aumentaram 10 vezes mais do que os das categorias mais bem pagas.

A dívida total dos Estados Unidos é um problema, não resta dúvida. A soma da dívida pública com a privada atinge 255% do PIB. Mas, na China, ela é de 300%, e os chineses não têm o dólar para financiá-la. O dólar, que representa 60% das reservas monetárias de todos os países do mundo, como era há 30 anos, 90% das transações comerciais e 70% das operações financeiras.

Há quase 50 anos, os Estados Unidos eram os maiores importadores de energia do planeta. Hoje, são autossuficientes. Produzem mais petróleo e gás do que a Arábia Saudita e a Rússia.

Na tecnologia, a grandeza americana não tem paralelo. Metade do lucro mundial do setor é gerada por empresas tecnológicas dos Estados Unidos. As chinesas respondem por 6%.

O declínio americano é uma fantasia de Donald Trump. O único isolacionismo que faz sentido é o do chapéu que Melania usou na posse do marido. Ela não queria ser beijada por ninguém e aquela grande aba redonda a deixou bem isolada de todos os beijoqueiros, inclusive Donald.

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