Alessandro Vieira e a Inconstância Política

A política sergipana já nos brindou com muitos espetáculos de hipocrisia, mas o que o senador Alessandro Vieira protagoniza atualmente é digno de um Oscar da incoerência. Quem não se lembra do Alessandro de outrora? O destemido delegado, o paladino da moralidade, o carrasco implacável dos corruptos, que disparava frases de efeito contra André Moura como se estivesse narrando um épico de combate ao crime.

“Ele roubou dinheiro da Prefeitura de Pirambu”, dizia Vieira. “É um homem que deveria estar preso, mas escapou com acordos no STF”, cravava. “Entregar Aracaju a André Moura é colocar a raposa para cuidar do galinheiro”, bradava em entrevistas.

E agora? Agora, o destemido inquisidor parece ter feito um curso intensivo de diplomacia política com os melhores mestres da conveniência. De repente, André Moura já não parece mais tão nocivo assim. Já não há tanto problema em dividir o mesmo palanque, em dividir a mesma foto de chapa governista. Alessandro Vieira, o homem que vendia-se como incorruptível, parece ter encontrado uma nova vocação: a mutação política.

O Alessandro de 2018 surfou na onda do moralismo bolsonarista, empunhando a bandeira do combate à corrupção. Mas, como um camaleão esperto, quando a maré virou, ele se redesenhou. Passou a orbitar o governo Lula, votando alinhado em várias pautas governistas. Agora, percebendo que o avanço de Rogério Carvalho pode ameaçar sua reeleição, eis que surge uma nova guinada: a reaproximação com André Moura.

Talvez o senador tenha descoberto que, em Sergipe, os princípios são maleáveis como elásticos de dinheiro. Hoje, ele se assusta com a possível ascensão de Rogério Carvalho e, de repente, André Moura já não é mais aquele demônio de Pirambu. Agora, pode ser um aliado estratégico. O mesmo André que, segundo suas próprias palavras, “foi condenado a nove anos de cadeia” e “desviou dinheiro público”.

Se Alessandro Vieira fosse um personagem de desenho animado, ele estaria piscando os olhos e dizendo: “Ora, ora, não é que esse André Moura é um cara bacana?” Mas não. Ele é um senador da República. E seu eleitorado tem memória.

A grande verdade é que Alessandro Vieira teme perder espaço. O surgimento do fenômeno Rodrigo Valadares, um bolsonarista autêntico que tem conquistado um eleitorado fiel, ameaça devorar o voto conservador que um dia foi de Vieira. De um lado, um bolsonarista raiz. Do outro, um petista consolidado como Rogério Carvalho. Alessandro sabe que, se não garantir uma estrutura de poder, será engolido pelo xadrez político.

Mas se há algo que o eleitor sergipano precisa observar é a contradição. Alessandro Vieira vendeu-se como um bastião da moralidade, um homem que jamais compactuaria com aqueles que ele mesmo acusou de corrupção. Agora, diante da necessidade de sobrevivência política, está disposto a dividir palanque e até fazer campanha com André Moura.

E aí, senador, como ficamos? As suas palavras de 2022, 2023 e 2024 ainda valem em 2025 até 2026? Ou o Alessandro Vieira de agora é um novo Alessandro Vieira, reformulado, reciclado e pronto para qualquer aliança que garanta sua permanência no Senado?

Os sergipanos que decidam. Mas uma coisa é certa: o moralismo de conveniência sempre cobra seu preço. E a fatura pode chegar nas urnas.

Alessandro Vieira vs. André Moura – O Festival das Contradições

Vamos direto ao ponto: Alessandro Vieira passou anos detonando André Moura com frases que fariam inveja a qualquer roteirista de filme policial. Mas, do nada, o tom mudou, a crítica arrefeceu, e agora já se fala na possibilidade dos dois dividirem um mesmo palanque. Será que Vieira descobriu um novo André Moura? Ou será que o camaleão político está em plena metamorfose?

Aqui estão algumas das frases mais icônicas de Alessandro contra André, agora devidamente traduzidas para o contexto atual:

“Se você imagina nos cofres de Pirambu o estrago que se fez, imagina no cofre de Aracaju.”

Tradução: “Antes, Moura era um perigo para os cofres públicos, agora talvez seja só um administrador experiente… depende da minha necessidade eleitoral.”

“André Moura roubou dinheiro da Prefeitura de Pirambu.”

Tradução: “Mas talvez, se ele estiver comigo na chapa, tenha apenas gerenciado os recursos de forma… criativa?”

“Hoje você vê uma campanha com claro abuso econômico por parte da deputada e seu pai.”

Tradução: “Tanto dinheiro na campanha que dá até inveja. Se sobrar um espacinho na chapa, quem sabe podemos conversar?”

“De um lado, gente honesta e que quer mudar Sergipe. Do outro, a turma de André Moura, desesperada para pegar os cofres de Aracaju.”

Tradução: “Mas calma lá! Se eu acabar no mesmo grupo de André, então talvez seja só um novo olhar sobre a política, não hipocrisia.”

“Ele não está preso porque fez dois acordos com Gilmar Mendes e Nunes Marques.”

Tradução: “E eu não estou sem mandato porque sou esperto o suficiente para me reinventar politicamente!”

“Eu faço política de forma diferente, sem acordos com corruptos.”

Tradução: “A menos que o corrupto esteja bem posicionado nas pesquisas e tenha um grupo político forte. Aí a gente conversa.”

“Se algum político quer ter André Moura como parceiro, eu não tenho direito de vetar… mas isso não muda meu compromisso com a verdade.”

Tradução: “Não posso vetar, mas também não posso perder espaço político. Então, fiquemos em cima do muro.”

“Eleger Yandra Moura prefeita de Aracaju é entregar os cofres da cidade ao pai.”

Tradução: “Mas dividir a chapa com André em 2026? Aí é só política, sem problema!”

“André Moura foi condenado a nove anos de prisão por roubo, mas não está na cadeia porque fez acordos.”

Tradução: “E eu, que fui eleito prometendo combatê-lo, agora posso estar ao lado dele. A política é uma caixinha de surpresas!”

“O governo Temer acaba, e essa quadrilha que está em Brasília será substituída.”

Tradução: “O tempo passou, os grupos mudaram, e agora, quem diria, talvez um ex-integrante dessa ‘quadrilha’ seja um possível aliado.”

“O representante de Sergipe deve ser um homem honesto.”

Tradução: “Ou pelo menos alguém que me ajude a me reeleger.”

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