São Paulo — O secretário da Segurança Pública (SSP), Guilherme Derrite, anunciou na noite desta segunda-feira (1º/4) o encerramento da da terceira fase da Operação Verão, que deixou 56 mortos em supostos confrontos com a Polícia Militar (PM) na Baixada Santista. Desde o fim de janeiro, três PMs foram assassinados. A ação foi alvo de críticas e de denúncias de prática de tortura e execução ao longo de quase dois meses nos bairros pobres.
Para a SSP, a operação serviu para combater o crime organizado “por meio da asfixia financeira do tráfico de droga”. Segundo a secretaria, haverá uma ampliação de efetivo de 341 PMs que passam a atuar de maneira permanente nas cidades da região.
O anúncio foi feito pelo secretário Guilherme Derrite nas redes sociais. “A operação cumpriu os seus objetivos, seja capturar alvos identificados por um trabalho de inteligência conjunto entre as polícias como reduzir os índices criminais na Baixada Santista. Agora, com a ampliação do efetivo, podemos dar continuidade a esse combate, que será constante”, disse.
O balanço da SSP aponta que, desde dezembro, 1.045 infratores foram presos (438 eram procurados pela Justiça) e 47 menores apreendidos.
“As Polícias Civil e Militar retiraram das ruas 2,6 toneladas de drogas e apreenderam 119 armas de fogo ilegais. Esse trabalho resultou na redução de roubos em 25,8% em Santos, São Vicente e Guarujá no primeiro bimestre do ano, quando comparado ao do ano anterior. Em toda a Baixada Santista, fevereiro de 2024 foi o mês com a menor taxa de roubos da série histórica, iniciada em 2001”, diz, a pasta.
Além do aumento no efetivo da PM, a SSP diz há previsão de reforço na Polícia Civil.
Em 2 de fevereiro, com a morte do soldado Samuel Wesley Cosmo, das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), teve início da contagem de mortos que se encerra nesta segunda.

Soldado da Rota Samuel Wesley Cosmo
Soldado Samuel Wesley Cosmo, no batalhão da Rota na capital paulista
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suspeito rota
Kaique da Silva Coutinho, conhecido como “Chip”, é apontado como autor dos disparos que mataram o soldado Cosmo, da Rota
Divulgação/SSP

Soldado da Rota Samuel Wesley Cosmo
Soldado da Rota foi o segundo PM morto no litoral paulista neste ano
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Kennedy Cosmo e Samuel Wesley Cosmo
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Policial militar de São Paulo Samuel Wesley Cosmo, soldado lotado nas Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota)
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Família pede doações a viúva e filhas de soldado da Rota morto
Reprodução/Redes Sociais

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Críticas
A Operação Verão é alvo de críticas e levou a Ouvidoria das Polícias e entidades de defesa dos direitos humanos a entregarem relatórios para o Ministério Público de São Paulo (MPSP) a apontar uma série de irregularidades cometidas pela PM, como a prática de tortura e execuções em comunidades pobres da Baixada Santista.
Entre os mortos em supostos confrontos, estariam pessoas com deficiência visual e de mobilidade, fazendo uso de muletas. A operação terminou com 56 mortos, exatamente o dobro da sua antecessora, a Operação Escudo, no segundo semestre do ano passado.
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse que não estava “nem aí“, após saber em 8 de março que seria denunciado à Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) por causa da operação. “Sinceramente, nós temos muita tranquilidade em relação ao que está sendo feito. E aí, o pessoal pode ir na ONU, na Liga da Justiça, no raio que o parta, e eu não estou nem aí”, afirmou, em 8 de março.
Já a SSP, sempre que questionada, afirma que tem “compromisso com a legalidade, os direitos humanos e a transparência” e que as denúncias podem ser feitas à corregedoria da corporação.