São Paulo – Com 33 mortes e mais de 100 mil casos confirmados de dengue, a capital paulista tem 79,16% do seu território tomado pela epidemia da doença, segundo o último boletim epidemiológico divulgado pela Prefeitura.
Ao todo, 76 dos 96 distritos da cidade têm uma incidência superior a 300 casos a cada 100 mil habitantes, taxa que enquadra uma região em situação de epidemia de acordo com a Organização Mundial da Saúde.
Entre as regiões com situação mais preocupante está a zona leste, onde o distrito de Itaquera lidera há semanas o ranking de infectados pelo mosquito Aedes aegypti. O bairro tem 4.552 casos de dengue confirmados e a cada 100 mil moradores 2.131 estão com a doença – a quarta maior incidência da cidade.
Nesta segunda-feira (1º/4), o prefeito de São Paulo Ricardo Nunes (MDB) anunciou que destinará para os moradores de Itaquera as 10 mil doses de vacina contra a dengue enviadas pelo Ministério da Saúde.
O Itaim Paulista, também no extremo leste da cidade, ocupa o segundo lugar entre os bairros com mais casos da doença com 3.063 registros contabilizados pela Secretaria Municipal da Saúde.
Na zona norte, todos os distritos estão em situação de epidemia e o bairro do Tremembé tem o terceiro maior número de casos confirmados da cidade, com 3.055 registros.
O distrito com maior taxa de infectados por número habitantes, no entanto, é a Vila Jaguara, na zona oeste, que tem 6.852 casos a cada 100 mil moradores. A UBS do bairro tem ficado lotada nos últimos dias com pessoas com sintomas da doença.
Vizinho da Vila Jaguara, o bairro de São Domingos é outro que tem enfrentado explosão nos números da doença, com incidência de 2.606 casos a cada 100 mil moradores.
Na zona sul, a epidemia avançou nas últimas semanas para bairros como Grajaú, Cidade Ademar e Parelheiros. A região sul, no entanto, é a que tem o maior número de distritos que ainda não foram atingidos pela epidemia. São eles: Pedreira, Vila Andrade, Santo Amaro, Marsilac, Campo Grande, Cursino, Jabaquara, Campo Belo, Moema, Saúde, Vila Mariana
No centro, os bairros de Cambuci, Consolação, Bela Vista, Liberdade, Sé, República também têm números menores de casos confirmados e não são considerados em epidemia até o momento. Na zona oeste, apenas os bairros de Itaim Bibi e Jardim Paulista não estão em epidemia.
Na zona leste, apenas o Tatuapé, bairro nobre, não tem epidemia registrada.
Sintomas da dengue
Os sintomas da dengue podem variar de leves a graves e geralmente aparecem de 4 a 10 dias após a picada do mosquito infectado. As manifestações clínicas incluem:
- Febre alta: a temperatura corporal pode atingir valores significativamente elevados, geralmente acompanhada de calafrios e sudorese intensa;
- Dor de cabeça intensa: a dor é geralmente localizada na região frontal, podendo se estender para os olhos;
- Dores musculares e nas articulações: sensação de desconforto e dor, muitas vezes referida como “quebra ossos”;
- Náuseas e vômitos: podem ocorrer, contribuindo para a desidratação;
- Manchas vermelhas na pele: conhecidas como petéquias, essas manchas podem aparecer em diferentes partes do corpo;
- Fadiga: uma sensação geral de fraqueza e cansaço persistente.

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A dengue é uma doença infecciosa transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. Com maior incidência no verão, tem como principais sintomas: dores no corpo e febre alta. Considerada um grave problema de saúde pública no Brasil, a doença pode levar o paciente à morte
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O Aedes aegypti apresenta hábitos diurnos, pode ser encontrado em áreas urbanas e necessita de água parada para permitir que as larvas se desenvolvam e se tornem adultas, após a eclosão dos ovos, dentro de 10 dias
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A infecção dos humanos acontece apenas com a picada do mosquito fêmea. O Aedes aegypti transmite o vírus pela saliva ao se alimentar do sangue, necessário para que os ovos sejam produzidos
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No geral, a dengue apresenta quatro sorotipos. Isso significa que uma única pessoa pode ser infectada por cada um desses
micro-organismos e gerar imunidade permanente para cada um deles — ou seja, é possível ser infectado até quatro vezes
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Os primeiros sinais, geralmente, não são específicos. Eles surgem cerca de três dias após a picada do mosquito e podem incluir: febre alta, que geralmente dura de 2 a 7 dias, dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupções cutâneas, náuseas e vômitos
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No período de diminuição ou desaparecimento da febre, a maioria dos casos evolui para a recuperação e cura da doença. No entanto, alguns pacientes podem apresentar sintomas mais graves, que incluem hemorragia e podem levar à morte
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Nos quadros graves, os sintomas são: vômitos persistentes, dor abdominal intensa e contínua, ou dor quando o abdômen é tocado, perda de sensibilidade e movimentos, urina com sangue, sangramento de mucosas, tontura e queda de pressão, aumento do fígado e dos glóbulos vermelhos ou hemácias no sangue
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Nestes casos, os sintomas resultam em choque, que acontece quando um volume crítico de plasma sanguíneo é perdido. Os sinais desse estado são pele pegajosa, pulso rápido e fraco, agitação e diminuição da pressão
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Alguns pacientes podem ainda apresentar manifestações neurológicas, como convulsões e irritabilidade. O choque tem duração curta, e pode levar ao óbito entre 12 e 24 horas, ou à recuperação rápida, após terapia antichoque apropriada
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Apesar da gravidade, a dengue pode ser tratada com analgésicos e antitérmicos, sob orientação médica, tais como paracetamol ou dipirona para aliviar os sintomas
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Para completar o tratamento, é recomendado repouso e ingestão de líquidos. Já no caso de dengue hemorrágica, a terapia deve ser feita no hospital, com o uso de medicamentos e, se necessário, transfusão de plaquetas
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Tratamento
O tratamento da dengue visa aliviar os sintomas e garantir a recuperação do paciente. Algumas medidas recomendadas pelo Ministério da Saúde incluem:
- hidratação adequada: a ingestão de líquidos é fundamental para prevenir a desidratação, especialmente durante os períodos de febre e vômitos;
- uso de analgésicos e antitérmicos: medicamentos como paracetamol podem ser utilizados para reduzir a febre e aliviar as dores;
- repouso: descanso é essencial para permitir que o corpo combata o vírus de maneira mais eficaz;
- acompanhamento médico: em casos mais graves, é crucial procurar assistência médica para monitoramento e tratamento adequado;
- evitar automedicação: o uso indiscriminado de alguns medicamentos, como anti-inflamatórios não esteroides (aines) e aspirina, pode agravar o quadro clínico, sendo contraindicado na dengue.
Prevenção da dengue
Além do tratamento, a prevenção da dengue é crucial. O Ministério da Saúde alerta para a necessidade de conscientização da população sobre a importância de medidas como eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti, uso de repelentes e instalação de telas em janelas e portas.