HÁ VINTE ANOS – Você e a eleição para presidente da Câmara

Para quem não acompanha a política brasileira por dever de ofício, esta eleição para presidente da Câmara dos Deputados mais parece uma coisa desenhada de propósito para ocupar espaço na mídia durante o recesso do Congresso. Só isso.

Afinal de contas, o que é que o cidadão tem a ver com a eleição na Câmara, cujo colégio eleitoral se restringe a 513 eleitores? Por que os deputados não decidem tudo entre eles e não param de cansar a paciência da sociedade?

Acontece que esta eleição não tem nada de muito diferente de todas as anteriores. Apenas, como o PT gosta de fazer tudo com escândalo, a eleição escancarou geral, e a roupa suja é lavada diariamente em todos os meios de comunicação.

A verdade é que em outras eleições, todos estes acertos esquisitos, estas rebeldias de fôlego curto, estas declarações de independência, tudo isto sempre existiu. Apenas ficava restrito ao mundo político: governo federal, governos estaduais, Câmara e Senado.

Só que agora tudo transbordou, ultrapassou os limites da classe política e veio para a luz do dia. Assim, ficamos todos sabendo quem prometeu aumento de salário para os deputados, quem prometeu aumentar as verbas de gabinete, quem prometeu manter as regalias de suas Excelências.

Por isso esta eleição interessa ao cidadão-contribuinte. Interessa porque o presidente da Câmara é a terceira pessoa na linha de sucessão na República. Na ausência do presidente e do vice, o presidente da Câmara dos Deputados assume a presidência da República.

Interessa porque o presidente da Câmara é o responsável pelo andamento dos trabalhos, decide sobre a ordem do dia, determina qual projeto vai entrar em pauta. Interessa porque a sociedade brasileira fica, assim, informada dos acertos, promessas, acordos e até mesmo das rasteiras e armações de um candidato contra o outro.

Mas, mais importante do que tudo: esta eleição para presidente da Câmara dos Deputados nos interessa a todos porque somos nós, cidadãos-contribuintes que vamos pagar a conta.

(Publicado aqui em 1 de fevereiro de 2004)