Chuvas: Nunes estuda pagar até R$ 50 mil para famílias deixarem casas

São Paulo — O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou nesta segunda-feira (3/2) que estuda oferecer ajuda financeira de R$ 30 mil a R$ 50 mil para que famílias deixem suas casas no Jardim Pantanal, na zona leste da capital. A região foi fortemente atingida por inundações em decorrência das chuvas que ocorrem na cidade desde sexta-feira (31/2).

“A princípio, pela dimensão e a localização, são 30 anos de problemas, não vejo outra situação a não ser tentar convencer as pessoas a sair de lá. Porque toda vez que chover vai acontecer isso. Estamos pensando em outras ideias, ainda não está fechado, de repente fazer uma ajuda financeira de R$ 20 mil a R$ 50 mil, dependendo da casa, para a pessoa sair de lá”, afirmou durante uma agenda na zona sul da cidade.

Nunes disse ainda que a prefeitura, por enquanto, cadastrou as famílias que tiveram suas casas atingidas e está oferecendo um auxílio de R$ 1 mil para cada uma delas para ajudar em custos emergenciais.

“Agora, para solução definitiva, é praticamente impossível ir contra a natureza e querer conter o Rio Tietê. (…) As pessoas entraram no local de várzea que, quando chove, a água não tem para onde ir e vai para dentro da casa das pessoas”, disse Nunes.

Entenda

  • O Jardim Pantanal, que fica ao redor do Rio Tietê, na zona leste de São Paulo, foi uma das mais castigadas pela chuva que atingiu todo o estado na sexta-feira.
  • Os moradores da região amanheceram no sábado (1º/2) com as ruas inundadas de água até a altura da cintura. Neste domingo, a água ainda não havia baixado.
  • No sábado, Nunes afirmou, em entrevista a jornalistas, que “é mais fácil tirar as pessoas [da região]. Aquelas pessoas vão ter que sair dali, não tem jeito. Vai ser isso. Está abaixo do nível do rio. É muito complicado”.

De acordo com o prefeito, estudos estão sendo realizados para a construção de um dique na região. A obra teria valor aproximado de R$ 1 bilhão. Nunes falou com ceticismo sobre o empreendimento.

“Temos que ter transparência. Não dá para fazer um dique contornando toda aquela região do Tietê. Fiz um sobrevoo lá no sábado e fiquei assustado. Muitos crimes ambientais. Pessoas fazendo descarte de entulho, aterrando as áreas de várzea”, afirmou o prefeito.

Polêmica com barragem

Na manhã desta segunda-feira (3/2), o vice-prefeito Mello Araújo foi recebido no Jardim Pantanal sob protestos de alguns moradores devido aos alagamentos. O vice foi cobrado após uma foto mostrando a comporta da barragem da Penha, do Rio Tietê, fechada.

A operação de barragens no Tietê é de responsabilidade do governo do Estado. Nesta segunda, em agenda ao lado de Nunes, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) justificou que a abertura ou não da comporta não tem relação com as inundações da região.

“Toda vez que chove muito se vem com a polêmica da barragem da Penha. Você fecha as comportas da Penha quando o Rio Tietê está em uma cota 722. Quando chega nessa cota, a água começa a galgar. Então não é a barragem da Penha que provoca enchente [naquela região]. Não é esse o problema. É uma operação técnica, a influência é praticamente nenhuma”, afirmou o governador.

Tarcísio disse, ainda, que busca uma parceria com o Banco Mundial para elaborar um diagnóstico sobre resiliência hídrica no estado.

“Temos muitas obras em andamento, mas que não são suficientes. São anos de crescimento desordenado sem pensar nessa questão das chuvas, temos uma emergência climática, uma mudança de comportamento, maiores volumes desde a década de 60, algo precisa ser feito”, disse o governador.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.