Mudanças climáticas devem tornar 1/3 da Terra inabitável para idosos

As mudanças climáticas podem transformar aproximadamente 35% do planeta em área inabitável para pessoas com mais de 60 anos. No Brasil, quase a totalidade da região Norte e da Centro-Oeste seriam zonas em que idosos se tornariam incapazes de controlar a temperatura de seus corpos.

É o que revela um relatório publicado na terça-feira (4/2) na revista Nature Reviews Earth and Environment. A investigação mostra que essas consequências devem ocorrer se a temperatura média do planeta aumentar 2º C acima dos níveis pré-industriais. Atualmente, os termômetros já estão 1,5º C mais quentes.

De acordo com a pesquisa feita no King’s College London, uma área equivalente ao tamanho dos Estados Unidos, o quarto maior país do mundo, deve se tornar uma zona de calor extremo onde até mesmo jovens saudáveis ​​terão dificuldade para manter a temperatura corporal adequada.

Calor extremo e os limites da fisiologia humana

Entre 1994 e 2023, cerca de 2% da área terrestre global ultrapassou os limites de tolerância ao calor para adultos com menos de 60 anos. Para idosos, esse número chegou a 20%. Com o aquecimento de 2°C, a área de risco para jovens triplicará, atingindo 6% da superfície terrestre. Para pessoas acima de 60 anos, o índice subirá para 35%.

O estudo distingue dois tipos de limites de calor que tornam zonas inabitáveis: o “incontrolável”, onde a temperatura corporal aumenta incontrolavelmente e não pode ser ajustada por mecanismos naturais como o suor; e o “insuportável”, que leva ao aumento letal da temperatura corporal (42ºC).

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Mapa mostra risco de calor extremo se tornar insuportável para idosos

Mapa mostra risco de calor extremo se tornar incontrolável para adultos
Mapa mostra risco de calor extremo se tornar insuportável para adultos
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Mapa mostra risco de calor extremo se tornar incontrolável para idosos

Reprodução/ nature reviews earth & environment

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Mapa mostra risco de calor extremo se tornar insuportável para adultos

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Até agora, o segundo limite foi ultrapassado apenas brevemente e somente para idosos em algumas das áreas mais quentes do planeta. Regiões como o Saara africano e o Sul da Ásia são as mais vulneráveis a se tornarem permanentemente insuportáveis para a vida humana.

“Em tais condições, a exposição prolongada ao ar livre – mesmo para aqueles que estão na sombra, sujeitos a uma brisa forte e bem hidratados – seria suficiente para causar insolação letal. Ela representa uma mudança radical no risco de mortalidade por calor”, alerta o geógrafo ambiental Tom Matthews, autor principal do artigo, ao site do King’s College London.

Adaptação às mudanças climáticas

O pesquisador enfatizou a necessidade de ações urgentes para mitigar os efeitos do calor extremo antes que seja necessária uma migração em massa para ambientes mais altos e próximos dos polos, que podem sobreviver às adaptações.

“À medida que mais partes do planeta experimentam condições externas, muito quentes para nossa fisiologia, será essencial que as pessoas tenham acesso confiável a ambientes mais frios para se abrigar do calor”, diz Matthews.

A pesquisa indica que desde o ano 2000, mais de 260 mil mortes foram atribuídas globalmente a ondas de calor, incluindo eventos devastadores na Europa, Ásia e África. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o calor mate pelo menos meio milhão de pessoas anualmente, mas o número real pode ser até 30 vezes maior.

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