Membros da extrema direita europeia se reúnem na Espanha

Em Madri, o partido de extrema direita Vox, liderado por Santiago Abascal, organiza uma cúpula denominada “Ultra” nesta sexta-feira (7/2) e no sábado (8/2). Abascal, que foi um dos convidados presentes na posse de Donald Trump em 21 de janeiro, em Washington, foi eleito presidente do partido europeu Patriotas para a Europa em novembro, e agora reúne membros dos 14 partidos nacionais afiliados ao grupo, em Madri, Espanha.

A deputada francesa Marine Le Pen e o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, as principais figuras desse bloco de lideranças de extrema direita representado no Parlamento Europeu pela coalizão “Patriotas pela Europa”, devem comparecer ao encontro na capital espanhola.

Fundado após as eleições europeias de 9 de junho, o grupo defende a “identidade europeia” e a “luta contra a imigração”. Ele originou-se da dissolução do grupo ID (Identidade e Democracia), do qual o Reunião Nacional (RN), sigla de Marine Le Pen, era a principal força motriz, e que se dissolveu para se juntar ao Patriotas.

Jordan Bardella presidirá o grupo

Originalmente, a ideia se concentrava em uma aliança lançada em junho por Viktor Orbán, pelo ex-primeiro-ministro tcheco Andrej Babiš e por Herbert Kickl, presidente do FPÖ austríaco.

Imediatamente, essa aliança procurou se expandir para alcançar a representação mínima no Parlamento Europeu, onde, para formar um bloco, são necessários pelo menos 23 deputados de pelo menos um quarto dos Estados-membros da UE.

A aposta parece ter vingado, pois o “Patriotas pela Europa” se tornou rapidamente o terceiro maior grupo político no Parlamento europeu de Estrasburgo, atrás da direita tradicional e dos socialistas, e à frente dos centristas e dos ecologistas.

A filiação do Reunião Nacional, de Marine Le Pen, pesou na balança. O presidente da sigla, Jordan Bardella, foi escolhido para presidir o grupo Patriotas no parlamento europeu, que tem 86 membros, incluindo 30 do RN.

Além do Fidesz da Hungria, do Vox da Espanha e do FPÖ da Áustria, o grupo também inclui a Liga de Matteo Salvini da Itália, o Partido da Liberdade do holandês Geert Wilders, além de partidos de Flandres, Letônia, Dinamarca, Portugal, Polônia e Grécia.

Uma das palavras de ordem da reunião desse bloco da extrema direita reunido em Madri dá uma ideia bastante clara de seu objetivo em Estrasburgo: definir a estratégia a ser seguida nos próximos meses para “consolidar a alternativa ao consenso”, ou seja, constituir uma alternativa à ordem estabelecida, isto é, ao domínio exercido pela direita tradicional e pelos socialistas.

O Patriotas pretende pôr fim a essa “dominação”, se necessário, recorrendo às tendências eurocéticas ou eurofóbicas de outros grupos da direita, como os conservadores reformistas, entre eles a formação de inspiração mussolinista, o Fratelli d’Italia, de Giorgia Meloni, ou a Europa das Nações Soberanas, onde o partido de extrema direita alemão AfD (Alternative für Deutschland, Alternativa para a Alemanha, em português) está sediado.

Extrema direita ganha espaço no parlamento europeu

Até agora, os deputados europeus de extrema direita eram ouvidos nos debates, mas com pouco impacto nas votações. Agora as coisas estão mudando e, além de suas posições muito favoráveis a Putin e Trump, os Patriotas conseguiram votar em bloco contra o Pacto Verde Europeu, durante a votação da lei para restaurar a natureza, ou durante as resoluções sobre a Venezuela, ou mesmo o acordo com o Egito para combater a imigração. Eles agora são uma força a ser reconhecida quando se trata de votar e esperam se tornar uma real possibilidade a ser reconhecida no futuro.

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