Brasil tem 100 igrejas históricas em situação precária. Confira lista

Assim como a igreja histórica de São Francisco, em Salvador (BA), conhecida como “igreja de ouro” e cujo teto desabou na quarta-feira (5/2), deixando uma pessoa morta, pelo menos outras 99 igrejas e edificações religiosas que fazem parte do patrimônio nacional estão em condições precárias de conservação.


Desabamento em Salvador

  • Na quarta-feira (5/2), parte do teto da Igreja de São Francisco, localizada no Pelourinho, em Salvador (BA), desabou e matou uma turista de 26 anos.
  • A igreja, uma das mais famosas da Bahia, é conhecida como “igreja de ouro” por causa dos adornos dourados na parte interna. Ela é considerada uma das Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no mundo.
  • A turista que morreu em decorrência do desabamento foi identificada como Giulia Panchoni Righetto, de Ribeirão Preto (SP).
  • Em última fiscalização no local, feita em junho de 2023, técnicos do Iphan classificaram como “ruim” a conservação da edificação.

Dados do Relatório de Bens Materiais do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) apontam que igrejas famosas, como as de Recife (PE), Mariana (MG), Rio de Janeiro (RJ), Belém (PA) e Salvador (BA), apresentam nível de conservação “ruim” ou “péssimo”, conforme a avaliação dos técnicos do órgão.

Em Salvador, além da Igreja de São Francisco, que havia passado pela última fiscalização em junho de 2023 e já estava em condição “ruim” à época, mais três — todas tombadas — estão em situação precária. São elas: Igreja de São Miguel, Igreja de Santo Antônio da Mouraria e Capela do Corpo Santo.

Apesar de tombadas, elas são propriedades privadas. A Igreja de São Francisco, por exemplo, pertence à Ordem Primeira de São Francisco, responsável pela gestão e manutenção da edificação, enquanto o Iphan, órgão de proteção do patrimônio cultural brasileiro, atua na preservação, com ações de restauro e fiscalização da conservação.

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Interior da igreja, após o desabamento

Uma pessoa morreu em decorrência do desabamento na igreja
Teto da Igreja de São Francisco, em Salvador (BA)
Parte do teto da Igreja e Convento de São Francisco, em Salvador (BA), desabou nesta quarta-feira (5/2)
Ao menos uma pessoa morreu no local e outras seis ficaram feridas
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Cena onde ocorreu desabamento de teto de igreja

Reprodução/X

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Interior da igreja, após o desabamento

Defesa Civil de Salvador

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Uma pessoa morreu em decorrência do desabamento na igreja

Maiara Cerqueira/MinC

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Teto da Igreja de São Francisco, em Salvador (BA)

Defesa Civil de Salvador

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Parte do teto da Igreja e Convento de São Francisco, em Salvador (BA), desabou nesta quarta-feira (5/2)

Reprodução

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Ao menos uma pessoa morreu no local e outras seis ficaram feridas

Reprodução

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Bombeiros estão no local, em busca de possíveis vítimas sob os destroços

Reprodução

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Giulia Panchoni Righetto, vítima do acidente na “igreja de ouro”

Reprodução

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Giulia Panchoni Righetto, vítima do acidente na igreja de ouro – Metrópoles

Minas Gerais lidera com Mariana, Ouro Preto e Diamantina

O estado que mais aparece na lista de igrejas em situação “ruim” ou “péssima” é Minas Gerais. Das 100 edificações relacionadas nos dados do Iphan, 30 estão em cidades turísticas mineiras, como Mariana, Ouro Preto, Diamantina e Congonhas, inclusive igrejas em estilo rococó que resguardam o melhor da arte colonial do país.

Em Mariana, cidade que até hoje enfrenta as consequências do rompimento da barragem da Vale, ocorrido em 2015, pelo menos oito igrejas apresentam problemas na conservação, como a Capela de Nossa Senhora dos Anjos da Arquiconfraria de São Francisco, Igreja de Nossa Senhora da Glória e Igreja Matriz da Conceição.

Uma das mais famosas da cidade, a Igreja de São Francisco de Assis, conhecida pelo estilo rococó e por preservar obras de Aleijadinho, chegou a figurar na lista, depois de ficar 14 anos fechada. A última fiscalização do Iphan, feita em junho de 2023, havia classificado a conservação como “péssima”, mas a igreja passou por restauração e foi reaberta no segundo semestre do mesmo ano.

Em Diamantina, inspeções mais recentes, feitas em dezembro de 2024, apontaram problemas em três igrejas: Igreja de Nossa Senhora do Rosário, Igreja da Luz e Igreja de Santana. Em Ouro Preto, destino que recebe milhares de turistas todos os anos, três igrejas aparecem na lista: Igreja Nossa Senhora das Mercês e Misericórdia, Capela de Nossa Senhora da Piedade e Igreja Matriz de São Bartolomeu.

Confira a lista completa das igrejas abaixo:

Igrejas do Rio de Janeiro, do Recife e de Olinda

Outros cidades com igrejas em condições ruins ou péssimas são Rio de Janeiro, Recife e Olinda. Na capital carioca, fiscalização do Iphan feita em agosto do ano passado apontou nível ruim de conservação na Igreja de Santa Luzia, localizada no centro da cidade. Cerca de um ano antes, o mesmo diagnóstico havia sido feito na Igreja de Nossa Senhora da Ajuda e Igreja da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo.

Já Recife e Olinda acumulam, juntas, 10 igrejas históricas no mesmo contexto. Na capital pernambucana, falhas na conservação foram identificadas, por exemplo, na Igreja de São José do Ribamar, uma das mais antigas do estado. Entre as representantes da vizinha Olinda, estão a Igreja de Santa Teresa e a Catedral da Sé, a maior igreja quinhentista do Brasil, fundada em 1540.

A reportagem do Metrópoles tentou, nos últimos dias, uma resposta do Iphan sobre os problemas enfrentados pelas igrejas históricas do país, mas não obteve retorno. Veja abaixo imagens do desabamento do teto da igreja em Salvador:

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