Pesquisa detecta condições de acessibilidade no centro histórico de São Cristóvão

A Praça São Francisco, no centro histórico de São Cristóvão (Grande Aracaju), deverá passar por intervenções e adequações para garantir condições de acessibilidade em seus espaços públicos, sobretudo para idosos e pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Esta é a conclusão de uma pesquisa de iniciação científica desenvolvida pelas estudantes Vivian Ribeiro Panta e Julia França Marinho, do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Tiradentes (Unit). O trabalho de campo, realizado ao longo do ano passado, fez parte do Programa Voluntário de Iniciação Científica da Unit (Provic) e teve a orientação da professora e arquiteta Millena Moreira Fontes.

Composta por um conjunto de edifícios públicos e privados construídos durante a União Ibérica, quando houve a unificação dos antigos reinos de Portugal e da Espanha (1580-1640), a Praça São Francisco é reconhecida desde 2010 como Patrimônio Histórico da Humanidade, tendo recebido este título da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). A pesquisa teve o objetivo de fazer um diagnóstico sobre as condições atuais da praça e de outros locais de acesso no centro de São Cristóvão, analisando a acessibilidade em espaços públicos localizados em sítios históricos.

A pesquisa apontou que alguns pontos da estrutura encontrada no local estão em desacordo com o previsto na norma NBR 9050:2020, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que rege os padrões relacionados à acessibilidade. Entre os principais problemas levantados, está a falta de vagas exclusivas de estacionamento para idosos e pessoas com deficiência. “A praça não conta (…) nem mesmo [com] vagas comuns, sendo que [os carros] são estacionados de forma espontânea em orientação perpendicular à rua, ou seja, de modo impróprio e inacessível para embarcar e desembarcar”, descreve o estudo.

Houve ainda a detecção de calçadas sem material recomendado a acessibilidade, rampa com barreira e desnivelamento entre calçada e faixa de pedestres, barreira e piso tátil.

“Foram encontrados alguns pontos críticos que necessitam de reparos, como as vias de acesso que ligam a praça a outros espaços da cidades, desadequação do piso tátil e a falta de descanso para pedestres, o que evidencia a falta de acessibilidade na Praça São Francisco”, explica Vivian, citando a falta de acessibilidade encontrada, “principalmente nos acessos a outros espaços ao redor da mesma”.

Um exemplo destacado na pesquisa foi a ausência de calçada na Rua Mamede Fernandes Dantas, que dá acesso à praça. “Apesar do local ser predominantemente plano, o trajeto inclinado tem distância considerável, os 180 metros entre a praça Lourival Batista e a praça São Francisco, sem lugares de repouso, nem ao menos um passeio adequado para melhorar o deslocamento das pessoas”, diz um trecho.

As autoras informaram que as conclusões da pesquisa “serão encaminhadas como alerta” à Prefeitura Municipal de São Cristóvão e ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), responsáveis pela conservação do Centro Histórico da primeira capital sergipana. “Fica em aberto o estudo para novas diretrizes para uma rota acessível, auxiliando na consideração de propostas e futuras intervenções no local. A escolha do tema é fundamental, porque a acessibilidade é um direito a todos e muitos patrimônios históricos brasileiros carecem de estrutura adequada para serem de fato inclusivos”, frisa Júlia França.

As alunas também ressaltam a importância de atividades interdisciplinares, com arquitetos, urbanistas, autoridades e a comunidade local, que busquem desenvolver soluções eficazes para promover a acessibilidade universal. “O impacto deste estudo é bastante significativo, pois ele contribui diretamente para a melhoria da acessibilidade em um patrimônio histórico. Ao garantir que mais pessoas, especialmente para as pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, possam usufruir dos espaços públicos, com segurança e conforto, provemos um ambiente mais inclusivo e justo para todos”, acrescenta Vivian.

Fonte: Asscom Unit

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