Abismos em lua de Urano podem esconder pistas de oceano líquido

Ariel, lua de Urano, pode ter um oceano de água líquida sob sua superfície. É o que concluiu um novo estudo liderado por Chloe Beddingfield, geóloga planetária do Laboratório de Propulsão a Jato, da NASA: segundo a equipe, grandes vales identificados na camada gelada que cobre Ariel podem ser o caminho usado por compostos químicos formados por processos em seu interior, que talvez ocorram em tal oceano.

  • Clique e siga o Canaltech no WhatsApp
  • Quantas luas existem no Sistema Solar? 
  • Luas do Sistema Solar: conheça as 10 luas mais estranhas da nossa vizinhança

Urano, Júpiter e outros planetas do Sistema Solar têm luas que parecem abrigar oceanos de água líquida ocultos sob camadas congeladas, mas é difícil estudá-los. É aqui que entra Ariel, lua repleta de abismos profundos que podem ter compostos vindos das suas profundezas. Se tais materiais realmente estiverem ali, então estas formações podem permitir que os cientistas estudem este mundo distante.

Urano, Ariel e sua sombra sobre o planeta (Reprodução/NASA/ESA/L. Sromovsky/H. Hammel/K. Rages)

“Se estivermos certos, estas fendas são provavelmente as melhores candidatas para a procura destes depósitos de óxido de carbono e para revelar mais detalhes sobre o interior da lua”, explicou Beddingfield. “Nenhuma outra formação na superfície tem evidências de facilitar o movimento dos materiais no interior de Ariel, o que torna esta descoberta particularmente interessante”, acrescentou. 


Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.

O fundo de alguns dos abismos em Ariel têm sulcos paralelos que, curiosamente, são algumas das formações mais jovens desta lua. Suas origens ainda não estão claras, e para descobrir o que pode existir ali, Beddingfield e seus colegas trabalharam com dados observacionais e modelos. Eles suspeitam que a resposta pode estar em um processo já visto na Terra.

Ariel: saiba mais sobre a lua de Urano

Basicamente, há fendas vulcânicas em nosso planeta em que o fundo do mar se divide, permitindo que o material abaixo dali suba e crie uma nova parte na crosta. Já em Ariel, o processo pode acontecer quando material aquecido vem de baixo para cima, abrindo a crosta da lua antes de preencher o espaço ali. O mais interessante é que, ao juntar os abismos de Ariel como se fechassem um zíper, os pesquisadores viram que os dois lados se encaixam perfeitamente!

Mapa de algumas formações geológicas em Ariel (Reprodução/Bennington et al., Planet. Sci. J., 2025)

O processo é importante porque Ariel e outras luas de Urano já tiveram vários períodos de atividade geológica provavelmente causada pelas forças das marés gravitacionais. Estas forças foram geradas pelas ressonâncias orbitais das luas (quando seus períodos orbitais se alinharam de forma proporcional), fazendo com que seus interiores passassem por ciclos de aquecimento e congelamento.

Os cientistas suspeitam que a ressonância pode ter ajudado na formação dos oceanos sob a superfície de Ariel e de Miranda, outra lua de Urano. E, se este for o caso, o oceano pode ser a explicação para o dióxido de carbono visto na superfície e abismos de Ariel, mas mais estudos são necessários. 

Precisamos de um orbitador que possa fazer passagens próximas de Ariel, mapear detalhadamente seus sulcos e analisar suas assinaturas espectrais para componentes como dióxido de carbono e monóxido de carbono”, disse Richard Cartwright, autor de outro estudo que investigou os depósitos de dióxido de carbono em Ariel. “Se as moléculas que contêm carbono estiverem concentradas ao longo desses abismos, isso seria um forte apoio à ideia de que elas são janelas para o interior de Ariel”, finalizou. 

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista The Planetary Science Journal.  

Leia também:

  • Júpiter ajudou a formar a Lua no início do Sistema Solar 
  • Qual é a importância dos satélites naturais para seus planetas?

Vídeo: Curiosidades da Lua

 

Leia a matéria no Canaltech.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.